No ano passado, no Dia das Mães, uma pesquisa apontou que o maior desejo delas para 2020 era passar mais tempo com os filhos, não ter que escolher entre eles e a carreira e sofrer menos cobrança por perfeição. Chegou 2020 e, como em uma mágica, o desejo foi realizado – pelo menos o de ficar mais tempo com os filhos. As mães se viram em um tremendo dilema: se, antes, elas diziam sobre a dificuldade de ter de escolher entre carreira e filhos, foram praticamente obrigadas a conviver em pé de igualdade com os dois e viram que é perfeitamente possível.
Já o terceiro desejo não aconteceu: pelo contrário, as cobranças aumentaram – e muito. Todos os dias, centenas de áudios viralizam nos grupos de WhatsApp, com mães desabafando em total situação de descontrole e desespero. De repente, passaram a valorizar mais os professores. Algumas até questionam nesses áudios como é possível “controlar” 30 crianças em uma sala de aula se elas não conseguem controlar uma única criança trancada dentro de casa, na pandemia.
Uma coisa é certa: as mães de hoje já são muito diferentes das do passado, talvez muito mais próximas das mães delas, que, se não trabalhavam fora, eram responsáveis por todos os afazeres domésticos, entre eles educar e ensinar não apenas um filho, mas, muitas vezes, cinco, seis ou até sete. Aquelas mães, atualmente já avós, na grande maioria, davam conta do recado e ainda sobrava tempo para “cuidar” dos maridos.
É evidente que as mães de hoje não vão se transformar nas mães do passado, mas, com certeza, vão se transformar em mães mais sensíveis às mudanças. Tem mãe querendo tirar os filhos da escola para aderir ao método de ensino de “homeschooling”, que ainda não é autorizado no Brasil. O assunto deve passar neste mês por uma votação no Congresso, com grandes chances de ser aprovado. Com isso, as mães verdadeiramente na pandemia vão se tornar oficialmente professoras dos filhos.