Cole Porter listou na sua célebre música “You’re the Top” os Dutch Masters (grandes pintores holandeses) em conjunto com o sorriso de Monalisa, o inferno de Dante, a dança de Fred Astaire e uma valsa de Strauss. Os chefs de Amsterdã pensam o mesmo, tal é o número de ótimos restaurantes com o nome de seus pintores famosos, como o Vermmer e o Vinkeles.
Com base na culinária à francesa, o Vinkeles – com a cozinha do chef Dennis Kuipers – foge à regra de restaurante-francês-formal-e-caro, com instalação descolada no chic Dylan Hotel, linha seguida também pelo Vermmer, do chef Christopher Naylor, ambos estrelados e com sucesso na cidade.
Na mesma linha de restaurantes estrelados, para quem não gosta, o duas estrelas Ciel Blue, dos chefs Onno kokmeijer e Arjan Spelmann, e especialmente o La Rive são endereços a serem evitados. Ponto de encontro de famílias reais, rock stars (ainda existe isso?) e celebridades em geral, o La Rive apoia seu sucesso no tripé feito com cozinha do chef Rogér Rassin, o serviço do maître D’ Ronald Opten e a carta de vinhos do sommelier Ted Bunnik.
Com atendimento impecável e discreto, mesas difíceis de ser reservadas e serviço – como disse uma vez o maître do Daniel, de NYC, “que capta o potencial de gasto do marido a partir do penteado da mulher”, ambos têm comida impecável, ambiente formal e preços altíssimos, fazendo jus ao perfil de restaurante estrelado pelo Michelin.
Como cada vez menos não só de estrelas (de guias ou do cinema) vive a boa cena gourmet de uma cidade, a ênfase numa cozinha cosmopolita, moderna e multicultural confirma o que se espera na cena gourmet de uma cidade liberal e diversificada como Amsterdã.
Descolados
Badalado, bem-montado, moderno e descontraído, o De Kas, de cozinha mediterrânea, é para comer bem, se divertir, ver e ser visto, enquanto o Yamazato tem a cozinha japonesa de destaque na cidade, com direito inclusive a “japonese tatame room” e staff atendendo as mesas vestidos com quimonos.
O Beddington’s, da chef que dá nome à casa, faz uma inventiva cozinha fusion entre a japonesa, a francesa e a inglesa num endereço frequentado por quem aprecia comer bem – é recomendável reservar com antecedência, o restaurante é na linha “pequeno e aconchegante”.
O Fifteen, de Jamie Oliver, está também em Amsterdã (é considerado um dos melhores restaurantes da cidade); o Little Colins faz sucesso com o brunch da chef Georgina Patterson – que inspira sua cozinha em todo o mundo, mas com forte sotaque de Melbourne natal –, e, embora a cozinha holandesa não tenha uma reputação muito boa, vale conferir o Greetje, que fez pela cozinha local o que o Geales, de Nothing Hill, fez pela também mal-afamada cozinha inglesa.
O Vis aan de Schelde (um pouco fora de mão) tem frutos do mar e peixes que são destaques na cidade; o District V tem um menu-degustação muito ben-feito por apenas 30 (três pratos); e as ótimas opções na cidade continuam dos tapas bascos (pintxos e vinhos) do La Oliva às cozinhas asiáticas dos Blauw e do Take Thai.
Com cosmopolitismo, um pouco de tradição e muita inovação, a cena gourmet de Amsterdã é a cara da ousada liberalidade da cidade.