SABORES DO MUNDO

Entre a cidade e a serra

Redação O Tempo

Por Renato Quintino
Publicado em 25 de outubro de 2014 | 04:00
 
 
 
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O Rio de Janeiro – cidade e Estado – não é apenas um clichê da vida urbana no Leblon ao som de Bossa Nova, do Carnaval, do cine-favela e da alegre superficialidade.

Além das imagens caricatas que a TV Globo mostra para todo o Brasil, uma visita ao centro do Rio é um ótimo programa, começando pelo Paço Imperial, seguido de um almoço no Eça, na H Stern. O forte de Copacabana tem filial da confeitaria Colombo; a Urca é um bairro de tirar o fôlego; o aterro do Flamengo é um clássico do paisagismo brasileiro; e a praia de Botafogo – com o Iate Clube e o Pão de Açúcar – forma uma bela paisagem..

Associado à praia e ao sol, o Estado do Rio de Janeiro tem, na região serrana, o oposto da vida tropical de balneário chique, com temperatura amena, neblinas frequentes e vegetação cerrada, o que atraiu famílias europeias, a começar pela de dom Pedro II, que fundou ali sua Petrópolis.

É sabido que dom Pedro legislava no Rio, mas morava em Petrópolis. Teresópolis – nome em homenagem a sua esposa Teresa Cristina – é sua “cara-metade”. Complementadas com Araras e Itaipava, as serras do Rio compõem um dos mais bonitos, visitados e saborosos circuitos do Sudeste brasileiro.
Quando o chef Dânio Braga vendeu o seu três estrelas Enotria no Rio nos anos 80 e abriu o Locanda Della Mimosa, em Itaipava, muita gente estranhou. Mas Dânio honrou a tradição italiana de restaurantes no campo. O Locanda fez história durante muitos anos, e o chef criou duas importantes associações: a Associação Brasileira de Sommeliers (ABS) e a Confraria dos Restaurantes da Boa Lembrança. O Locanda puxou a gastronomia da região para cima, outros restaurantes foram abertos e aprimoraram seus serviços.

Russa

Com forte pegada europeia, Teresópolis tem destaques nas cozinhas russa e portuguesa. O restaurante Dona Irene (www.donairene.com.br) é conhecido como um dos melhores do país, com inspiração nos pratos russos da pré-revolução, como o pojarski (almôndega de frango com gorgonzola), o varênique (deliciosos pasteizinhos cozidos e recheados com batata), o caquille (espécie de suflê de peixe) ou os já manjados frango a Kiev e, claro, o estrogonofe.

Para começar o banquete czarista – reserve três horas para a experiência –, são servidas as entradinhas zakuskis, como canapé de ovo com caviar, arenque, salmão, salada russa (batata com maionese) e patê de fígado, que devem ser acompanhados com a ótima Nazdarovia, célebre vodca da casa. A fama da Vodca aumenta por ser preparada em segredo por Maria Emília, a proprietária, que literalmente se tranca em um cômodo para preparar a bebida, que pode ser comprada.

Outro destaque da cidade são o português Camponesa da Beira e a pizzaria Manjericão, pioneira na região em fazer a massa de pizza com água mineral e assada no forno à lenha.

A cozinha europeia também está nas paradas de estrada, como a célebre disputa pelos melhores strudells, sachetorte, salsichões e defumados entre a Casa do Alemão e a Pavelka. A briga é boa, ganha o turista que pode provar quitutes do centro e Leste europeus, num Estado que é o símbolo do paraíso tropical brasileiro.

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