SABORES DO MUNDO

Vinho, bode e forró

Redação O Tempo


Publicado em 22 de novembro de 2014 | 04:00
 
 
 
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Verdadeiro oásis no sertão nordestino (poucas chuvas, solos de qualidade e a irrigação com a água captada do rio São Francisco), as regiões de Lagoa Grande e Petrolina, às margens do Velho Chico, em Pernambuco, na divisa com a Bahia, produzem, em meio à caatinga, coqueirais e manguezais, espumantes e vinhos de qualidade.

Forte no turismo enológico, a Rota do Vinho da região inclui visitas a fazendas produtoras, com direito ao acompanhamento de enólogos, além da degustação. Os vinhos tropicais – como são chamados pelos produtores – têm os sabores típicos do clima quente (diferenciando-os da produção da Serra Gaúcha) e ganharam fama com o título de vinhos de Nova Latitude, dado pela renomada crítica inglesa Jancis Robinson, por serem produzidos no paralelo 8.
Um dos produtores de destaque é o português João Santos, dono da vitivinícola Santa Maria (www.vinibrasil.com.br), onde é produzido o Rio Sol, em Lagoa Grande, que defende a produção de vinhos na região associando com o que aconteceu em Portugal: “Diziam que era loucura produzir vinho no Alentejo, em Portugal. Hoje, de cada dois vinhos vendidos lá, um é do Alentejo”, explica.

É possível fazer uma vista à fazenda a bons preços, acompanhado por enólogos, ver a plantação de uvas como a Cabernet Sauvignon, a Syrah e a alentejana Alicante Bouschet, degustar vinhos sob uma mangueira e, à noite, dançar forró ou fazer um passeio maior num catamarã pelo rio São Francisco.
Na fazenda Ouro Verde, do grupo Miolo, em Casa Nova (na Bahia, a cerca de meia hora de Petrolina), a Miolo produz os vinhos da linha Terra Nova e seu Brandy Osborne, recebendo cerca de 2.000 visitantes por mês.

Comidas típicas

A gastronomia do sertão, já direcionada para a harmonização com os vinhos da região, tem como maior referência o Bodódromo de Petrolina – um complexo de dez restaurantes especializados em carnes de bode e carneiro, com uma estátua de um grande bode na entrada. Diferentemente do que os brasileiros do Sudeste e do Sul supõem, a carne de bode é defendida pelos locais como “a melhor de todas e de ótima qualidade”.

É natural que os peixes do rio São Francisco também sejam destaques na região, especialmente no balneário de Pedrinhas (a 33 km de Petrolina, com direito a banho nas águas transparentes do rio), onde os restaurantes servem, especialmente, piau e piranha nas versões frito, grelhado ou como

moqueca, acompanhados de arroz, feijão-de-corda e macaxeira.
O enólogo Michel Rolland já havia dito que ainda produzirá vinhos na Lua. Exageros megalômanos à parte, vinhos como os de Três Corações e do Vale do São Francisco são um bom exemplo de que hoje quase tudo é possível no mundo do vinho.

 FILÉ DE BODE AO VINHO (receita da vitivinícola Santa Maria)

Modo de fazer: Em uma panela, refogue 1/2 cebola picada com 1 colher (chá) de alho, coloque 200 ml de vinho tinto seco, a cebola e o alho e adicione 1 xícara de caldo de carne. Ferva até reduzir o molho pela metade. Acrescente 1/4 xícara de creme de leite fresco, retire do fogo e reserve.

Segunda parte: Faça uma paçoca de batata doce cozinhando em fogo baixo 300 g de batata-doce cozida e amassada com 50 ml de leite de coco, 60 g de coco ralado e 30 g de manteiga até granular. Prepare um arroz com castanha de caju dourando rapidamente em uma frigideira 30 g de castanha de caju granulada e misturando-a com 300 g de arroz branco cozido.

Finalização:Tempere os filés de bode com sal, pimenta-do-reino e com pasta de alho (sem excessos). Em uma grelha, aqueça 2 colheres (sopa) de manteiga e doure os filés. Sirva-os com o molho, a paçoca de batata doce e o arroz de castanha de caju.

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