Serginho do Vôlei

Não se iludir com elogios nem se abalar com críticas

Pode reparar, se tiver nove comentários positivos e um negativo, nós nos prendemos ao comentário ruim. Estou errado?

Por Serginho do Vôlei
Publicado em 18 de dezembro de 2021 | 03:00
 
 
 
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Como o vôlei evoluiu ao longo dos anos. Em todos os sentidos, literalmente. Hoje vou falar sobre a relação fã e atleta. Confesso que não tenho uma opinião formada sobre o tema, que pode ter inúmeras interpretações. Quando evoluí do juvenil para o profissional ainda não tinha rede social. Tenho 43 anos, foi ontem. Recebíamos cartas, chocolates, urso de pelúcia, e por aí vai. 

Os presentes chegavam pelo correio ou eram entregues após os jogos. Momento em que o fã se aproximava do atleta, tirava uma foto, pegava um autógrafo e trocava algumas palavras. Sempre muito educado, contato com admiração. Nunca recebi uma carta com críticas e xingamentos. Nos momentos mais difíceis, cartas manifestando apoio.

Esse assunto já foi tema de palestra. A mesma pessoa que enviava elogios privados me detonava nos comentários abertos. Como mudou, como aproximou! Cartas, nunca mais vi. Lembro na Páscoa, era impossível comer todos os ovos de presente dos fãs. Como tudo nesta vida, temos prós e contras. Saem mimos, entram enxurrada de críticas. Aprendi a ler a estatística e avaliar o meu rendimento afim de não me sentir perdido e refém de comentários de pessoas despreparadas, às vezes adversários, que muitas vezes entendem de vôlei e travam um debate interessante. Meu travesseiro foi o meu companheiro em muitos dias de fracasso e sucesso na carreira de atleta. Aprendi a não me iludir com os elogios e nem me abalar com as críticas. 

Pode reparar, se tiver nove comentários positivos e um negativo, nós nos prendemos ao comentário ruim. Estou errado? E assim foram as duas últimas semanas que antecederam o Campeonato Mundial de vôlei masculino. Chuva de comentários negativos após as derrotas do Sada contra Sesi e Minas. Sou contra ler comentários em postagens. Por ali temos adversários, desafetos, torcedores rivais, perfis falsos, haters, e por aí vai. Rede social é terra de ninguém, não dá para levar em consideração inúmeros comentários. Lia pouco, procuro responder todo mundo, respondia geralmente de acordo com o comentário. 

Atleta é ser humano e não tem sangue de barata, convenhamos. O que surpreendeu essa semana foi a publicação de um atleta do Sada respondendo aos que duvidavam do time há duas semanas. Um momento curioso, ele copiou e colou vários comentários, ocultando o nome dos autores, sobre a possibilidade de o time celeste ter sucesso no Mundial, e tirou “onda”. Foi engraçado, e senti um tom de desabafo. Agora eles estão vivendo o momento, topo da montanha. Há duas semanas, desconfiança total. 

Esse mundo dá voltas, no esporte elas costumam ser tão rápidas quanto uma simples mensagem de ódio desmedida. Por mais cartas carinhosas e chocolates para adoçar a vida amarga de quem se esconde atrás da tela do computador ou celular para destilar seu veneno contra quem quer que seja!

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