Uma homenagem para Dona Salomé

O que tem escrito no seu despertador? No meu, a mensagem é “O céu é o limite!" Imagino o que estava escrito no dela. Provavelmente, ela não tinha despertador e aplicava diariamente na vida real a falta de limite no bom sentido. Às 5h30 da manhã estava de pé com sorriso no rosto. Pronta para dar um bom dia, perguntar “só alegria?” e responder com um “tudo azul”. Oitenta e seis anos de paixão. Ela nos ensinou como um verdadeiro torcedor se comporta. Pode procurar no Google o manual do bom torcedor, mas alguns minutos de conversa com os mais velhos muitas vezes ensinam muito mais. Era incapaz de brigar com alguém pelo esporte! Quando estava triste, se calava, era nítida a mudança de comportamento após uma derrota dos times do coração, vôlei e futebol. Sempre respeitosa e cordial, encantou todos com o seu bom humor e disposição para viver! 

Ela tinha mais roupas do Cruzeiro do que roupas casuais em seu armário. Cruzeirense “doente”, sempre presente, podia chamar o Mineirão e o Riachão como segunda casa. Jogos fora de BH, lá estava ela. Jogos fora do Brasil? Também encarou vários. 

Vassoura em punho, nos aguardava no centro de treinamento do Barro Preto todos os dias. Muito mais do que uma funcionária, ela transbordava energia positiva e era carinhosa com todos.

Certa vez, eu e alguns atletas conversamos sobre a possibilidade de oferecer um trabalho menos pesado para uma senhora de 86 anos. Quem disse que ela aceitou? 

Acolhida por Lori, Zé Bunitinho, Fredson e companhia limitada, membros da torcida organizada, teve muitas vezes o seu nome cantado em alto e em bom tom quando chegava ao ginásio. Nesse corpo corria sangue azul, e o coração calejado pelo tempo não suportou a tristeza. “Dona Salomé foi feliz nos seus 86 anos, amou seu clube do coração, que lhe deu muitas alegrias. Talvez não tenha morrido triste, pois o que nos decepciona são as pessoas, não a paixão.” (Texto de @Cacau_ e_ Val). 

Como tudo nessa vida tem o lado bom e o ruim, posso dizer a vocês que nunca me imaginei prestando uma homenagem pública desta maneira. Sem sombra de dúvida, foi a coluna mais difícil de ser escrita. Escrever me fez relembrar momentos marcantes com essa guerreira. 

O lado bom é ter a oportunidade de compartilhar com muitas pessoas o quanto ela foi marcante e merece ser lembrada e homenageada!

Salomé, tenho certeza de que o céu será também só alegria e que por aqui sempre será tudo azul por você! Sua luz vai continuar brilhando, e você estará em nossas memórias e corações. Descanse em paz!

 

 

 

 

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Confira a coluna deste sábado (14) de Serginho Líbero!

Uma publicação compartilhada por O Tempo (@otempo) em 14 de Dez, 2019 às 7:52 PST