SILVANA MASCAGNA

A mais simbólica de todas as medalhas 

Redação O Tempo


Publicado em 10 de agosto de 2016 | 03:00
 
 
 
normal

Já podem acabar as Olimpíadas no Rio de Janeiro. O Brasil já ganhou sua mais importante medalha. Nenhum outro Ouro que o país possa vir a receber vai se equiparar àquele conquistado por Rafaela Silva. Porque a judoca brasileira não venceu apenas a mongol Sumiya Dorjsuren quando o juiz anunciou sua vitória por pontos na já histórica tarde do dia 8 de agosto de 2016. Foi uma vitória contra o racismo e a depressão.

Mulher, negra, pobre e favelada. A essa soma de minorias, Rafaela ainda carrega na biografia o peso da humilhação que sofreu há quatro anos, quando foi desclassificada nas oitavas de final das Olimpíadas de Londres, após aplicar um golpe considerado ilegal no judô. Ela, que, ao chegar ao hotel, buscou nas redes sociais palavras de apoio e conforto, foi achincalhada por internautas. A chamaram de “macaca”, de “burra”, a acusaram de gastar o dinheiro do povo brasileiro e de envergonhar o Brasil e seus pais.

Vieram a depressão e a vontade de desistir de tudo. Foram alguns meses, em que não saía de casa e só fazia chorar. Tudo parecia colocado para que ela não voltasse a lutar. Mas, como naqueles filmes norte-americanos de atletas que superam adversidades, a história de Rafaela foi sendo escrita para que, conquista após conquista, ela pudesse chegar ao lugar mais alto do pódio da mais importante competição para um atleta, as Olimpíadas. Não qualquer uma, a realizada em seu país, com a torcida a seu favor e os pais nas arquibancadas. Glória máxima!

Da pobreza extrema (o pai não tinha dinheiro para comprar novos chinelos quando os delas foram roubados), passando pela consciência da importância do treino e da perda de peso, até se curar da depressão por ter sofrido racismo, tudo foi superado por Rafaela Silva. Não foi à toa ter caído no choro, já com a medalha no peito, ao fim do hino nacional. Muitas vitórias contidas naquela bolachinha de ouro que ela, posando para os fotógrafos, mordeu e usou para esconder um olho.

A medalha conquistada por Rafaela Silva nas Olímpias 2016 é a mais simbólica de todas as outras porque tem gosto de “ali onde eu chorei qualquer um chorava, dar a volta por cima que eu dei, quero ver quem dava”.

Viva Rafaela Silva!

Notícias exclusivas e ilimitadas

O TEMPO reforça o compromisso com o jornalismo profissional e de qualidade.

Nossa redação produz diariamente informação responsável e que você pode confiar. Fique bem informado!