SILVANA MASCAGNA

Momentos históricos

Redação O Tempo


Publicado em 13 de abril de 2016 | 03:00
 
 
 
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No próximo domingo, será votado o impeachment da presidente Dilma Rousseff. Independentemente do resultado, alguns fatos já se tornaram históricos e serão lembrados no futuro, quando esse importante momento político for estudado.

Em Belo Horizonte, o Sesc Palladium vai ganhar lugar de destaque quando o assunto for como os artistas se posicionaram frente à questão. Ali, no antigo cinema que hoje abriga um importante centro cultural, dois acontecimentos, com um intervalo de três semanas entre um e outro, ficarão para sempre na memória da cidade.

O primeiro aconteceu no dia 19 de março, durante apresentação de “Todos os Musicais de Chico”, quando o ator/diretor do espetáculo, Claudio Botelho, num improviso, chamou a presidente Dilma Rousseff e o ex-presidente Lula de ladrões.

Algumas pessoas reagiram com gritos de “não vai ter golpe”. Ele não gostou e começou a discutir com parte do público, que resolveu se levantar para ir embora. Botelho ironizou a debandada e sugeriu que pedissem o dinheiro do ingresso de volta na bilheteria. ‘É um enorme favor que vocês me fazem”. Revoltadas com a situação, as pessoas resolveram não deixar o teatro e, sob vaias e mais gritos de “não vai ter golpe”, impediram que a peça fossem adiante. Por medida de segurança, a sessão do dia seguinte foi cancelada pela produção local e pela direção da casa.

O caso ganhou enorme repercussão nas redes sociais ainda na madrugada de sábado, ao ponto de Chico Buarque proibir Claudio Botelho de usar suas músicas naquele ou em qualquer outro espetáculo.

O segundo caso ocorreu no último sábado, 9 de abril. Num Sesc Palladium absolutamente lotado, Elza Soares fez um dos maiores shows de todos os tempos. Apresentando o repertório de seu último disco, “A Mulher do Fim do Mundo”, na íntegra, a artista de 78 anos mostrou, em menos de duas horas, porque é chamada de diva.

Num show antológico, cantou lindamente questões urgentes, como a violência contra a mulher, o racismo contra os negros e a questão de gênero, numa performance moderna e vibrante, mesmo sentada o tempo todo. E, quando ela pediu “lutem pela democracia”, a resposta foi uma plateia lotada exclamando “não vai ter golpe, vai ter luta”.

Tive a sorte de participar de ambos os acontecimentos. E, no calor do momento, eu já sabia que eles entrariam para a história.

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