SILVANA MASCAGNA

Nem tão protocolar assim

Redação O Tempo


Publicado em 19 de agosto de 2015 | 03:00
 
 
 
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Em Curitiba, um casal foi agredido porque vestia camisetas vermelhas, o que provocou a ira dos manifestantes anti-Dilma, que se caracterizaram por vestir roupas verde e amarela. A camiseta do rapaz, que tinha uma imagem de Che Guevara estampada, foi arrancada do seu corpo e, depois, incendiada. O rapaz tomou socos e chutes dos presentes. Ambos ficaram feridos e tiveram de ser escoltados pela polícia.

No Rio de Janeiro, seis policiais tiveram que escoltar um senhor vestindo vermelho até um táxi, após uma multidão tentar agredi-lo, lhe desejar a morte e encurralá-lo, aos gritos de “filho da puta”.
Em Londrina, no Paraná, um estudante da Universidade Estadual de Londrina também teve de ser escoltado pela polícia quando tentava passar por uma calçada de camiseta vermelha.

Em São Paulo, ao ouvir um grupo de manifestantes fazendo críticas a feministas, um homem tentou argumentar com alguns deles que a inquisição havia matado muitas mulheres. Seu comentário foi logo rebatido com gritos e provocações. “Mamadeira do PT”, gritava um manifestante, enquanto Paolo falava. “Viva a direita! Os conservadores vão dominar o Brasil!” e “Viva Bolsonaro”, repetiam outros. O embate se transformou num princípio de tumulto, aos gritos de “Vai pra Cuba” e “fora comunista”, que chamou a atenção dos jornalistas presentes, que começaram a filmar a cena. “Enfia a câmera no cu”, gritou um rapaz mais exaltado para o grupo da imprensa.

Os fatos narrados acima são de uma reportagem do site do “El País”.

Nenhuma novidade! Depois de três manifestações dos que querem derrubar a presidente, já se sabe que os manifestantes anti-Dilma veem como uma afronta o simples uso da cor vermelha.

O que surpreende, desde o primeiro protesto coxinha, é que um grupo covardemente atacar uma pessoa (como aconteceu em abril com um jornalista mineiro na praça da Liberdade pelo simples fato de ele parecer com Lula) não é motivo pra Polícia Militar jogar bomba de efeito moral, gás de pimenta, bala de borracha, nem usar qualquer tipo de força, nem ao menos efetuar a prisão de um agressor a fim de “manter a ordem”. Os vídeos estão aí para comprovar.

Mas sim é o que a PM de Minas fez (bomba de efeito moral, gás de pimenta, bala de borracha, prisão, humilhação), sem registro de nenhum tipo de “confusão”, com os belo-horizontinos que se manifestavam contra o abusivo aumento da tarifa de ônibus. Os vídeos estão aí para comprovar.
Alguém pode me explicar exatamente o que é “agir dentro do protocolo”?

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