Um homem foi preso em flagrante na última quarta-feira, no bairro Vila Izabel, em Curitiba (PR), suspeito de tentar assaltar um posto de combustíveis.
Esse seria apenas mais um dos vários casos de assaltos que acontecem a todo minuto no país. Porém, um fato chamou atenção não só da polícia, que prendeu o ladrão, mas também de internautas, que viralizaram a notícia: o assaltante é surdo. O rapaz usou um bilhete para anunciar o assalto à atendente da loja de conveniência. Ao ser preso, em depoimento (em libras), ele confessou que esse teria sido seu quarto assalto.
Há muito tempo, venho querendo abordar esse tema aqui, mas nunca era a hora. Todas as vezes em que falamos de acessibilidade e da inclusão, pensamos em oportunidades, em valorização da pessoa com deficiência e em superação. Porém, quase sempre, esquecemos que pessoas com deficiência são, antes de tudo, pessoas. E nós sabemos bem do que as pessoas são capazes.
Infelizmente, valores, educação, senso de justiça e ética não estão relacionados à capacidade (ou à falta dela) de ouvir, enxergar, andar… Não é pelo fato de a pessoa precisar de acessibilidade que ela, necessariamente, é uma boa pessoa. Lembro-me de que uma professora de braille sempre contava a história de um cego conhecido dela que gostava de ficar em uma movimentada avenida da cidade à espera de ajuda para atravessar de um lado para o outro. O fato é que o homem só aceitava ajuda de mulheres e aproveitava a oportunidade para tirar uma “casquinha”, segurando no corpo delas mais que o necessário.
Acredito que, como militante da causa, é meu papel lutar pelos direitos dessas pessoas, mas também devo mostrá-las o mais humanas possível, inclusive para as coisas ruins. Sempre digo aqui: precisamos desconstruir a visão que temos das pessoas com deficiência, seja ela muito romantizada ou preconceituosa.