Quando a pandemia começou e nos obrigou a olhar para nós mesmos, mudando (radicalmente) nosso modo de lidar com o outro, logo me lembrei das pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA). Talvez você já tenha ouvido alguém se referindo aos autistas como pessoas “isoladas”, que “vivem no próprio mundo”. Mas a questão é que, até para eles, que possuem uma maneira peculiar de se relacionarem com o mundo e com as pessoas, a interação social é indispensável.
Para quem não sabe, alguns autistas não toleram o toque, o que, em muitos casos, inviabiliza o abraço. Outros não se comunicam verbalmente e, desse modo, exigem uma nova forma de diálogo. Para muitas deles, as situações mais comuns como presença de luzes, sons, movimentação de pessoas e carros podem ser gatilhos de estresse. Assim, ter acompanhamento de especialistas e viver uma rotina de terapias ocupacionais é de extrema importância para o desenvolvimento e para a melhoria da qualidade de vida dessas pessoas.
Com a chegada da pandemia, muita coisa mudou, inclusive para quem convive de perto com a realidade do autismo. Como é o caso de Cíntia Rodrigues Melo, mãe de Breno, de 15 anos. Ele tem TEA e é não verbal. Neste momento inédito na história da nossa geração, a rotina na casa deles virou do avesso, já que nem as aulas na escola pela manhã, nem as várias atividades ao longo do dia das quais ele participava estão acontecendo. “A falta de rotina desorganizou tudo! Há agitação, alteração no sono, no comportamento. Ele tinha uma série de atividades que o ajudava e que agora está parada. Tem sido muito difícil”, relatou.
No nosso bate-papo, Cíntia contou o que tem feito para lidar com a situação e, assim, tentar deixar a quarentena um pouco mais confortável. “Estamos fazendo caminhadas pela manhã, pois ele se exercita e alivia o estresse de ficar só dentro de casa. Mas, pela questão sensorial, ele não tolera o uso da máscara muito bem, assim, eu e meu marido precisamos segurar, um em cada mão, para que ele não a retire. Além disso, tenho criado playlists de músicas e vídeos que ele gosta para distraí-lo para que a gente possa fazer outras atividades em casa”, afirmou.
E as alternativas encontradas por Cíntia estão corretas! Quem afirma isso é a psicóloga clínica Ana Luísa Bolívar. “É importante ressaltar que existem diferentes tipos de autismo, cada família deve se atentar aos estímulos aos quais a pessoa responde melhor ou não, pois isso diz da individualidade e da personalidade de cada um. Ter uma rotina é fundamental”, aconselha.
A especialista tem outras dicas no Instagram. Se você precisa de ajuda, siga: @analuisa_psicologa.