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Teve intérprete de Libras no “BBB 21”?

Na semana passada, a ex-participante Thaís simulou estar fazendo a tradução de uma conversa que Gil e Camila de Luccas estavam tendo


Publicado em 17 de abril de 2021 | 03:00
 
 
 
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O “Big Brother Brasil 21” é um dos assuntos mais falados do momento. É impressionante como, mesmo na 21ª edição do reality, a dinâmica do jogo, a relação entre os participantes e principalmente as polêmicas que envolvem os ocupantes da casa ainda sejam temas de nossas conversas.

Foram várias as pautas importantes levantadas desde que o programa começou: beijo homoafetivo, pressão psicológica, diferenças sociais, feminismo, relacionamentos tóxicos, racismo e, mais recentemente, língua de sinais. Sim, o uso – aliás, o mau uso da Libras – dentro da casa gerou uma polêmica enorme aqui do lado de fora, sobretudo na comunidade surda, que não gostou nem um pouco do que aconteceu.

Para quem não sabe do que estou falando, na semana passada, a ex-participante Thaís (eliminada do programa na última terça-feira) simulou estar fazendo a tradução de uma conversa que Gil e Camila de Luccas estavam tendo. Por não ser intérprete de Libras, Thaís fez alguns gestos sem sentido e, em determinado momento, Camila até tentou impedi-la, mas sem sucesso. Resultado: uma enxurrada de reações negativas nas redes sociais, hashtags e pedidos de respeito à Língua Brasileira de Sinais.

Dentre as reações, a principal foi a de que “Libras não é piada”. Mas, para entender o motivo de tanta revolta, é preciso voltar um pouco à história. 

Não sei precisar uma data exata para o começo das línguas de sinais do mundo (e nem vem ao caso aqui), fato é que, no Brasil, essa língua, que teve origem na Língua Francesa de Sinais, só se tornou idioma oficial em 2002. 

Obviamente, esse reconhecimento só veio anos depois de ela já ser a forma de comunicação de milhares de pessoas do nosso país. Foram anos de lutas, de tentativas e brigas para mostrar que a Libras é uma língua com estrutura gramatical tal qual o português.

A oficialização do idioma simbolizou, então, não só o reconhecimento de mais uma língua oficial do Brasil, mas passou a reconhecer essa forma de expressão como identitária de uma grande parcela da sociedade brasileira. 

Com o reconhecimento, políticas públicas voltadas à comunidade surda em todos os âmbitos passaram a ser criadas, como melhorias na educação inclusiva e acesso a saúde, cultura, lazer, informação etc. Por isso, a Libras é bem mais do que a forma de comunicação entre surdos, é uma porta de acesso para o mundo.

Acredito que Thaís não tenha feito a “brincadeira” por maldade, e sim por desconhecimento, já que, infelizmente, a cultura surda ainda é pouco difundida em nosso país. Mas não é por isso que devemos aceitar esse tipo de coisa, sobretudo quando acontece dentro da casa mais vigiada do Brasil.

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