Lincoln tem hoje 76 anos. Ele jogava como zagueiro e volante e era um verdadeiro gigante com seus 2,04 m, um dos jogadores mais altos que o futebol já revelou. Tinha boa colocação e era excelente no jogo aéreo. Dava trabalho aos roupeiros, uma vez que não era fácil encontrar chuteira número 47.

Começou no futebol amador de Barão de Cocais e foi para o Siderúrgica, seu primeiro clube como profissional, sob o comando do treinador Lucas Miranda. Após três temporadas, foi para o América-RJ e, um ano depois, retornou para Minas e vestiu a camisa do América, em 1964. Do Coelho ele se transferiu para o Vila Nova-GO. No lançamento da pedra fundamental do estádio Serra Dourada, em Goiânia, Lincoln defendeu uma seleção de craques do futebol goiano, reforçada por Garrincha, contra o Bangu, campeão carioca de 1966. Na exibição, ele despertou o interesse de Castor de Andrade, presidente do clube do Rio, que o levou para Moça Bonita. Teve a oportunidade de disputar um Torneio Rio-São Paulo e marcar Pelé em jogo contra o Santos. Sem dar pancadas no Rei do Futebol, Lincoln foi escolhido o destaque da partida.

Após três temporadas, ganhou passe livre e veio para o Valério. Em 1972, Telê Santana o indicou para o Atlético, mas a concorrência era grande, com Grapete, Vantuir, Normandes, e Lincoln teve poucas chances. Ele lembra de ter jogado contra o Sergipe, em Aracaju, quando Wanderlei Paiva estava lesionado, formando o meio campo com Oldair. O Galo venceu por 1 a 0. Os uruguaios Mazurkiewicz e Cincunegui eram seus dois melhores amigos na época.

Ameaça de greve

Os salários estavam três meses em atraso. Mazurkiewicz reuniu os jogadores e chamou o diretor Nery Campos para uma conversa. Ninguém viajaria à noite para um jogo contra o São Paulo, no Morumbi. O diretor se virou e, no fim do treinamento, os salários já foram pagos. Com isso, Lincoln pôde se casar.

Lincoln conta que gostava tanto de jogar que entrava em campo até machucado. Mas um dia chegou a hora de pendurar as chuteiras. Ele diz que por causa de “trairagem” acabou encerrando a carreira em 1973, quando defendia o Sete de Setembro. E então o gigante da bola passou a trabalhar como músico.