SUPER HISTÓRIAS

Com Misael na zaga, o atacante não podia passar

Misael lembra-se com orgulho de ter sido um zagueiro que jogava firme, era bom no cabeceio e tinha muita vontade de ganhar

Por Wilson José
Publicado em 09 de junho de 2019 | 03:00
 
 
 
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Misael, hoje aos 71 anos, lembra-se com orgulho de ter sido um zagueiro que jogava firme, era bom no cabeceio e tinha muita vontade de ganhar. Quando não dava para chegar primeiro, chegava junto. Nascido em Raposos, na região metropolitana de Belo Horizonte, Misael sempre foi muito forte, afinal, foi criado tomando caldo de mocotó preparado por sua mãe, Dona China.

Seu primeiro clube foi o Villa Nova, e logo Misael foi ganhando lugar no time. Forte na marcação, passava a bola, mas o atacante ficava. Biju gostou do futebol do zagueiro e o levou para o América. Na negociação, o lateral Haroldo foi para o clube de Nova Lima.

No Coelho, Misael foi efetivado por Henrique Frade como titular da zaga, e o alviverde conquistou seu primeiro título na era Mineirão, em 1971. Misael foi também campeão mineiro pelo Cruzeiro em 1972/73, e a última conquista foi em 1981, com o Democrata de Sete Lagoas, na segunda divisão. A zaga do Jacaré, muito respeitada, tinha Misael e Edson Vampiro.

Em um clássico contra o Atlético, Dario disse que iria fazer o “gol sutil” e que iria cortar o cabelo de Misael. O zagueiro não deixou barato e comentou com o presidente Rui da Costa Val que, se Dario fizesse graça, daria um soco na cara dele. “Somente o meu irmão Moacir Torres corta o meu cabelo”, disse na época.

Em 1972, Misael foi negociado com o Cruzeiro, tendo jogado ao lado de Roberto Perfumo: “O melhor zagueiro que eu viu jogar”, conta. Procópio, Darci Menezes e Morais são outros jogadores lembrados por Misael. Ele formou zaga também com Morais, então era a dupla Misael/Morais, ‘MM’, ‘Matar ou Morrer’: “Os atacantes pipocavam.” Tudo por causa do excesso de vontade da dupla.

Misael vestiu a camisa do Cruzeiro até 1974: foram 63 partidas e um gol, marcado em uma vitória de 3 a 2 em cima do Villa Nova, no Mineirão.

Gratidão pelo médico Neylor Lasmar

A passagem de Misael pelo Cruzeiro encerrou em 23 de outubro de 1974, após vitória de 3 a 0 sobre o Nacional de Muriaé, no Mineirão. Ele foi comemorar com o atacante Silva passeando no seu Chevette rosa. Na avenida do Contorno, seu pé ficou preso no acelerador, e o carro bateu contra uma casa.

O zagueiro sofreu fratura expostas, afundamento do malar e cortes pelo corpo. E Silva teve fraturas na costela. O médico Neylor Lasmar usou seus conhecimentos de ortopedia e traumatologia e depois recebeu proposta do Atlético e deixou o Cruzeiro. Porém, continuou atendendo Misael em seu consultório. “Abaixo de Deus, o doutor Neylor Lasmar”, diz Misael.

O Cruzeiro não renovou com Misael, e ele foi para o Rio Negro-AM. Depois defendeu Operário de Várzea Grande, Itabaiana, Marília, Esportiva, Caldense, Flamengo de Varginha, Alfenense e Democrata-SL.

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