TOSTÃO

É proibido criticar e elogiar

Redação O Tempo


Publicado em 18 de setembro de 2016 | 03:00
 
 
 
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No futebol, é proibido elogiar quem perde e criticar quem ganha. As deficiências e erros de quem ganha e as virtudes e acertos de quem perde são esquecidos. Outro hábito é rotular os profissionais e as pessoas de competentes ou incompetentes, boas ou más, progressistas ou conservadoras, alegres ou tristes, otimistas ou pessimistas.

Se Dunga tivesse, na primeira convocação, chamado Paulinho, Taison, Giuliano e o próprio filho para a comissão técnica, seria massacrado. Cada dia é mais frequente, em todos os esportes e em inúmeras outras atividades, a presença de parentes muito próximos, nas equipes ou nas comissões técnicas. Cada caso deveria ser analisado separadamente. Seria injusto se Bernardinho, por excesso de zelo, não convocasse o filho Bruninho, um baita jogador, para a seleção de vôlei.

Após as críticas iniciais à convocação de Tite, a maioria assimilou e aprovou. É proibido criticar Tite. O técnico evoluiu na segunda convocação. Gostei dos nomes de Firmino, Fernandinho e Oscar, além dos retornos de Thiago Silva e Douglas Costa. As presenças de Muralha e Weverton mostram que há um grande número de bons goleiros do mesmo nível, nenhum excepcional. Não chamaria Paulinho nem Giuliano.

Tenho muita admiração por Guardiola, um técnico inventivo e que já virou sinônimo de competência. É aplaudido de pé até por seus erros. No Bayern, Guardiola escalou os excepcionais laterais Lahm e Alaba e o jovem e promissor Kimmich em posições diferentes, onde já havia outros ótimos jogadores. Pior, teve de colocar em suas antigas funções jogadores modestos para o nível do Bayern.

Nas eliminações do Bayern nas últimas Copas dos Campeões, para Real Madrid e Barcelona, Guardiola armou a equipe como se enfrentasse um time pequeno da Alemanha, com os zagueiros adiantados, contra os magistrais e velozes atacantes do Real e do Barça.

Em outra coluna, fiz uma crítica construtiva a Cuca, por usar ainda a marcação individual, uma estratégia já abandonada em todo o mundo, e ao jovem e brilhante Gabriel Jesus, por procurar o duelo físico com o marcador. É proibido criticar quem tem muita qualidade, como se Gabriel Jesus já fosse um Neymar, o Palmeiras, um timaço, e Cuca, um Guardiola ou um Ancelotti. A suspensão de Gabriel Jesus, por ter levado três cartões amarelos, e a bizarra simulação contra o Flamengo têm a ver com sua busca do confronto físico.

Contra o Palmeiras, quando o Flamengo ficou com dez, e o técnico Zé Ricardo tirou Diego, a maioria achou absurdo, como se o Flamengo dependesse dele como a Seleção, de Neymar. Se o Flamengo tivesse perdido, por milhões de outros motivos, o que seria lógico, por estar com um a menos, colocariam a culpa no técnico, que agiu corretamente, pois manteve a formação defensiva.

Após a Copa das Confederações, era proibido criticar Felipão. Elogiaram até a convocação do zagueiro Henrique para o Mundial, por ser de confiança do técnico, e a escalação de Bernard contra a Alemanha.

No Brasil, quem tem senso crítico, quem não analisa futebol somente pelos resultados, quem não é fanático por nenhuma ideologia e quem tenta ser um observador neutro é visto como pessimista, como mal humorado ou como quem fica em cima do muro.

Perigos à vista

Hoje, é dia de clássico. Atlético e Cruzeiro vivem situações diferentes e perigosas. O Atlético precisa ganhar para continuar na luta pelo título, e o Cruzeiro precisa vencer para se afastar da zona de rebaixamento. Depois de duas derrotas, o perigo voltou. Contra o São Paulo, Arrascaeta e Ábila fizeram falta. A agressão e o pênalti cometidos por Manoel foram grotescos e absurdos. Hoje, ele pode fazer falta.

O Atlético ganhou mais um jogo em Belo Horizonte jogando mal. É um time desordenado. Não tem funcionado bem a dupla Fred e Pratto. Com os retornos de Robinho e Cazares, o time deve melhorar. Podem jogar os quatro. Como já aconteceu com muitos jogadores, Rafael Carioca caiu de produção depois de ser convocado.

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