TOSTÃO

Negação da realidade

Redação O Tempo


Publicado em 30 de novembro de 2014 | 04:00
 
 
 
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Na decisão da Copa do Brasil, com cinco minutos de jogo, já dava para perceber que o Atlético seria campeão. A única chance do Cruzeiro, mesmo correndo riscos de contra-ataque, seria pressionar e comandar a partida. É raro, em um clássico, em todo o mundo, ter dois gols de vantagem e não sofrer pressão, pelo menos durante parte do jogo. Quem tem a vantagem, independentemente das ordens do técnico e do desejo dos jogadores, costuma ter mais cuidado e administrar o resultado.

Ocorreu o inverso. Foi o Atlético quem tomou a iniciativa, como se a vantagem fosse do Cruzeiro. Foi uma repetição da nítida superioridade do Atlético no primeiro jogo, no Independência.

O Atlético contrariou a desculpa de Muricy e de outros treinadores de que teve de formar a equipe durante a competição. Nem sempre, isso é fundamental. Nas duas vitórias sobre o Cruzeiro, o Galo mostrou que não é apenas uma equipe de viradas heroicas, impossíveis e inacreditáveis. É um time organizado, disciplinado e racional. O Atlético não aprendeu apenas a enfrentar o Cruzeiro. Neste momento, está melhor. Já o Cruzeiro, na média de suas atuações nos dois últimos anos, é o melhor time brasileiro.

Na quarta-feira, o São Paulo foi eliminado da Copa Sul-Americana. Antes da partida, escutei que o São Paulo, em casa e com vários craques, era favoritaço para chegar à final. Sempre que um time brasileiro enfrenta um rival sul-americano, ainda mais se não for um argentino, falam a mesma coisa.

O São Paulo não tem vários craques nem era favorito. As duas equipes tinham as mesmas chances. O São Paulo foi superior no Morumbi, e o Nacional, na Colômbia. Neste ano, os colombianos eliminaram o Atlético na Libertadores. Ganso, o mais brilhante jogador do São Paulo, ainda me deixa em dúvida se devo tratá-lo como um craque.

Apesar de serem situações bem diferentes, a eliminação do São Paulo e as declarações de Muricy, de que foi a maior injustiça que viu na carreira, têm a ver com o 7 a 1, por serem derrotas brasileiras e porque mostram nossa prepotência, de achar que sempre perdemos por causa de apagões ou por azar.

Um time argentino e um colombiano vão fazer a final da Copa Sul-Americana. Outro argentino é o campeão da Libertadores, em uma final contra um paraguaio. Na lista dos melhores do mundo, só há um brasileiro do meio para frente, Neymar. Mesmo assim, Marco Polo del Nero falou que o Brasil continua com a supremacia do futebol mundial, por causa de seis vitórias seguidas em amistosos em que o Brasil tem dado tudo para recuperar o prestígio, enquanto outras seleções treinam e fazem experiências.

Por causa desta soberba e da negação da realidade, nada vai mudar no futebol brasileiro. Pior que o 7 a 1, é a desesperança.

Supremacia

Foi bonito e justo ver a torcida do Cruzeiro aplaudir o time, apesar da derrota e da perda do título da Copa do Brasil. O Cruzeiro é campeão mineiro e bicampeão do Brasileiro, o mais importante campeonato do país.

O Cruzeiro, por estar mais pronto e por ter uma situação financeira mais equilibrada, tem mais chances de se manter no topo nos próximos anos.

O Atlético já começou a perder profissionais importantes. O brilhante preparador físico Carlinhos Neves, com passagens pela seleção, deve ir para a China para trabalhar com Cuca. Será que o filósofo e excelente técnico Levir Culpi não vai ficar com saudade de Curitiba e de seu restaurante?

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