TOSTÃO

Ótimo enquanto durou

Redação O Tempo


Publicado em 21 de agosto de 2016 | 03:00
 
 
 
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Nas transmissões olímpicas de todos os esportes, existe, como se esperava, um grande número de ex-atletas comentaristas. Com algumas exceções, são muito preocupados em não criticar os atletas atuais. Enquanto os ex-atletas comentaristas de futebol se destacam mais pelas explicações técnicas de lances, os comentaristas que não foram atletas têm uma postura mais jornalística, dão mais informações, mostram mais estatísticas e, paradoxalmente, gostam muito mais de analisar as estratégias dos treinadores.

As Olimpíadas acabam hoje. Foi ótimo enquanto durou. Já está na hora de terminar. Escrevi esta coluna antes do jogo de ontem, entre Brasil e Alemanha. Não mudei nada. Isso é perigoso. Independentemente da atuação e do resultado de ontem, nada muda na qualidade dos atletas e do futebol brasileiro. A conquista da medalha, especialmente da de ouro, deve ser bastante comemorada. Os jogadores, desde a primeira partida, mostraram comprometimento com as vitórias. A medalha de ouro é importantíssima, mas não é mais importante que as outras medalhas de ouro conquistadas em outros esportes.

Independentemente da atuação e do resultado de ontem, o jogo não tem nada a ver com os 7 a 1 da Copa do Mundo. Isso não deveria nem ser discutido. É um torneio olímpico. A Alemanha não trouxe sequer um atleta que atuou na Eurocopa, além de não estarem presentes vários de seus melhores jogadores com menos de 23 anos. O Brasil era favorito.

Independentemente da atuação e do resultado de ontem, o Brasil mostrou que ainda produz muitos jogadores de talento. A dúvida é se os três jovens da frente serão destaques no time principal e/ou estrelas do futebol mundial. Serão, brevemente, iguais, inferiores ou superiores a outros, como Douglas Costa, Philippe Coutinho, William, que estão bem em grandes equipes e que são sempre chamados para a seleção principal?

Independentemente da atuação e do resultado de ontem, quais jogadores do time olímpico serão chamados por Tite? Além de Neymar, Renato Augusto e Marquinhos são quase certos. Alguns comentaristas disseram, antes do jogo, que o time principal, do meio para frente, deveria ser o olímpico. Estão muito eufóricos e apressados. É totalmente diferente enfrentar uma equipe sub-23 e as principais seleções sul-americanas.

Independentemente da atuação e do resultado de ontem, Luan talvez seja, entre os jovens atacantes, mesmo não sendo o melhor, o mais importante para o time principal, por ter características mais coletivas, trocar mais passes e ser um jogador de conexões. Ele poderia ser o contraponto entre os vários atacantes habilidosos, dribladores e que procuram o confronto individual.

Independentemente da atuação e do resultado de ontem, Tite vai usar a estratégia de sua época no Corinthians, de ter apenas um volante, dois armadores com funções defensivas e ofensivas, um jogador de cada lado (um mais com características de armador e outro mais de atacante, como Neymar), além de um centroavante ou vai adotar a tática olímpica, com dois volantes, um jogador de cada lado, que defende e ataca, e Neymar, livre, o centro das jogadas, formando dupla com outro atacante?

O tempo, as incertezas e os imprevistos do futebol são muito mais sábios que nossos pretensiosos conhecimentos técnicos, táticos e científicos.

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