TOSTÃO

Roscas, trivelas e três dedos

Redação O Tempo


Publicado em 14 de outubro de 2015 | 03:00
 
 
 
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Vinte anos atrás, quando comecei a trabalhar como comentarista, os melhores armadores, modelos para todo o mundo, eram o alemão Ballack e os ingleses Lampard e Gerrard. Os três eram altos, fortes, excelentes, marcavam e atacavam, quase sempre com grande eficiência. Raramente driblavam ou tentavam uma jogada de efeito. Outros armadores, mais habilidosos, como Xavi e Iniesta, eram considerados pouco modernos e pouco práticos. Isso mudou, por causa das grandes atuações e conquistas do Barcelona e da seleção da Espanha.

Lembrei-me disso ao ver o excepcional e jovem meio-campista brasileiro Thiago Alcântara na seleção espanhola. Se ele tivesse sido formado no Brasil, certamente, seria hoje muito inferior ao que é, escalado como um meia ofensivo, para entrar na área, já que o meio-campo, no Brasil, foi dividido entre os volantes que marcam e os meias que atacam.

Desapareceram do futebol brasileiro os Xavis, os Iniestas, os Thiagos Alcântaras, os Rivellinos e tantos armadores talentosos, capazes de atuar de uma intermediária à outra, de driblar, de trocar passes, de ficar com a bola, de dar passes de curva, de rosca, de trivela ou três dedos e tantos outros efeitos especiais. Uniam a beleza com a eficiência em campo.

Na coluna anterior, esqueci-me de incluir a França, ao lado de Espanha e da Alemanha, entre as seleções europeias com mais chances de ganhar a Eurocopa de 2016, apesar de a Inglaterra ter sido a seleção com melhores resultados. A França, além de jogar em casa, possui um ótimo conjunto e excelentes jogadores, como Benzema, um centroavante que Espanha e Alemanha não têm. Cristiano Ronaldo deveria fazer um agradecimento público a Benzema, que, além de fazer muitos gols, dá enorme contribuição aos tentos marcados pelo craque português.

O centroavante brasileiro Diego Costa foi supervalorizado, mesmo em seus melhores momentos de artilheiro. Ele tem brigado mais que jogado. Atuou mal em todas as partidas que fez pela Espanha. Dizem que a Alemanha vai “invadir” a Polônia para anexar Lewandowski à seleção.

No esquema com dois volantes, um centroavante e três meias, o centroavante costuma ficar isolado, ainda mais se os meias não forem agressivos e se limitarem a ocupar suas posições. Muitos treinadores preferem ter uma dupla de atacantes e mais um meia de cada lado, que, alternadamente, se movimentem para o centro para armar as jogadas. Outra opção é adiantar um dos volantes para ser o armador pelo centro.

Como hoje os jogadores mudam demais de função e de posição durante as partidas, ficou ultrapassado avaliar a maneira de jogar pelos desenhos na prancheta. Isso serve apenas de referência para o comentarista e para o treinador antes do jogo. Quando a bola rola, alguns comentaristas passam toda a partida narrando o sistema tático daquele momento, como se aquilo tudo fosse previamente planejado e ensaiado pelos supertécnicos.

Em muitas partidas do Bayern de Munique é impossível dizer qual foi o sistema tático mais usado. E tudo funciona muito bem. Guardiola é um desses profissionais irrequietos, com mil ideias ao mesmo tempo, sem tropeçar nelas. Outros sabem muito, mas são confusos. 

Decisões

Atlético e Cruzeiro não podem mais vacilar dentro do Campeonato Brasileiro deste ano. É o momento de a onça beber água. Hoje, os dois têm jogos difíceis, respectivamente contra o Internacional, que luta por uma vaga na Libertadores, e o Atlético-PR, fora de casa. Será importante para o Atlético a volta de Douglas Santos, mesmo tendo jogado nessa segunda-feira, pela seleção olímpica, contra o Haiti, em Manaus.

O Cruzeiro não terá Willian, o atleta que tem jogado melhor entre os três que atuam mais adiantados. Já o Atlético não vai contar com Leonardo Silva, ótimo nas jogadas aéreas ofensivas e defensivas. Jemerson, de 23 anos, vai completar hoje o centésimo jogo no time alvinegro, o que é surpreendente para um atleta tão jovem. Jemerson tem chances de se tornar, no futuro, zagueiro da seleção brasileira, pois tem mostrado muita qualidade.

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