TOSTÃO

Sem pose de sábio

Redação O Tempo


Publicado em 20 de agosto de 2014 | 03:10
 
 
 
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Acredito muito nas equipes que têm jogadores próximos e com características diferentes. Eles se completam. O entrosamento é rápido. Na primeira vez em que atuei ao lado de Dirceu Lopes, no Cruzeiro, nós dois com 16 anos e já no time principal, parecia que jogávamos juntos havia mil anos. O que faltava em um sobrava no outro. Entendíamo-nos pelo olhar, pelo vulto.

Uma das qualidades da seleção alemã foi ter um meia, Özil, armador, habilidoso, que se movimentava por todo o campo, que gostava de trocar passes curtos e de driblar, e, ao lado, Müller, um meia mais atacante, grandalhão, de passadas largas, que voltava para marcar, tocava a bola e, em uma fração de segundos, chegava à frente para fazer gols. Os dois se completavam.

Sem comparar talentos individuais, Everton Ribeiro me lembra muito Özil, e Ricardo Goulart, Müller. Os dois do Cruzeiro também se completam. Mereceram a convocação. Kaká e Ganso podem também fazer uma boa dupla (ainda não é), embora tenham estilos diferentes. Kaká nunca foi um artilheiro, como Müller e Goulart, e Ganso não se movimenta tanto quanto Özil e Everton Ribeiro.

Contra o Bragantino, Ganso e todo o São Paulo atuaram mal. Por causa de um único jogo, Ganso, que tem evoluído e jogado bem, mesmo quando não dá passes espetaculares e decisivos, o que é raro, foi criticado como um jogador do tipo que não dá mais. Ganso merecia ser convocado. Todos nós da crônica esportiva, assim como profissionais de todas as áreas, precisamos evoluir, escutar e aprender com os outros e com os fatos.

Os treinadores precisam também evoluir. Há técnicos bons e ruins em todo o mundo. O insucesso do Palmeiras, até agora, não parece ser por causa da incompetência do técnico, o argentino Gareca. Deve ser por causa da relativa importância dos treinadores, da falta de tempo e de continuidade do trabalho e, principalmente, porque não se forma um bom time sem bons jogadores, a não ser esporadicamente, em um torneio curto, com jogos mata-mata.

Existem também treinadores e profissionais, em todas as áreas, com amplo conhecimento técnico e científico, mas que tomam decisões erradas. São confusos. Conhecimento não é apenas informação. Não é o caso de Marcelo Oliveira, pelo contrário, um técnico sem pose de professor nem de sábio, que tem brilhado na formação e condução do elenco do Cruzeiro. Marcelo não revoluciona, mas faz bem o que é necessário e importante.

Felipão
Contra o Santos, o Cruzeiro repetiu as ótimas atuações no Mineirão, com um futebol veloz, eficiente e de muita troca de passes. Comparando os estilos, e não a qualidade das equipes, o Cruzeiro lembra muito mais o Real Madrid, com seus rápidos contra-ataques, do que Bayern e Barcelona, que se destacam pela posse de bola e troca de passes mais curtos. Os dois estilos são eficientes e bonitos. Mais importante que a maneira de jogar é a qualidade dos jogadores.

Felipão volta amanhã ao Mineirão. Certamente, vai se lembrar do 7 a 1. Mas já está na hora de olharmos para a frente e avaliarmos seu trabalho pelo que ele vai fazer. Felipão merece também o reconhecimento, pois, na média, é um treinador vitorioso.

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