TRIGUEIRINHO

A devoção é fundamental na ampliação da consciência

A cada etapa, a energia devocional aprofunda-se no ser


Publicado em 12 de agosto de 2018 | 03:00
 
 
 
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A vontade persistente de ampliar o próprio nível de consciência é indispensável para a evolução. Esse impulso que acompanha o ser, se perpetua e continuamente cresce, tornando-se cada vez mais direto e puro, é chamado de devoção. Na infância, em geral é bem pronunciado, mas vai sendo distorcido no decorrer do tempo, com a educação normal. Enquanto a devoção impele o indivíduo a buscar níveis mais altos, a educação o conduz a atividades em nível horizontal, de luta pela sobrevivência. Quando se tem um ideal, o mais importante não é concretizá-lo, mas convergir para ele a energia da devoção e, assim, atingir níveis superiores de consciência. Em certos casos, é bom para o progresso do ser interior que um ideal se realize; em outros, desiludir-se do objeto da devoção é o mais adequado, tendo em vista fases sucessivas da evolução.

Sob o impulso da devoção, o indivíduo passa por distintas etapas: primeiro, tem veneração por alguma coisa ou pessoa; depois, a veneração é transferida para uma ideia ou ideal, e ele se esforça então para mantê-lo nítido em seu ser. Em seguida, a persistência na meta, efeito da devoção, produz a crise que o leva a desapegar-se das formas e a abrir-se para a totalidade da vida. Essa energia fornece–lhe vasto campo de trabalho.

Ser devoto e ao mesmo tempo desidentificar-se do objeto da devoção é algo a ser aprendido, e demanda superação de provas. Se o indivíduo compreende que o fato de ser levado por uma energia superior a se desligar compulsoriamente do objeto da devoção é positivo, sente-se liberto. Nada perde: ao afastar-se da forma, aproxima-se da essência, que é imperecível. Portanto, essa energia constrói e ao mesmo tempo destrói; os objetos de veneração são destruídos a fim de que o ser incorpore a essência de cada um deles. Mas, quando se instala na vida do indivíduo um estado de união mais profundo com a própria essência, a questão de para onde canalizar a devoção torna-se secundária; a partir dessa etapa, ele pode conhecer o que é verdadeiramente o serviço.

A devoção, que tem início com o despertar interior, move o indivíduo a cumprir a lei espiritual e não a material. A devoção não é atitude passiva, entrega emocional nem pseudocontemplação, mas disponibilidade consciente acompanhada do autoesquecimento e da fé para o serviço e para a aplicação da lei evolutiva. Pela devoção podem-se atingir estados vibratórios mais sutis, sem o que a entrega genuína do ser ao centro da própria consciência não se realiza. Por isso os corpos materiais devem estar impregnados de reverência pela Vida Suprema, imanente a todo o Universo. São João da Cruz (1542 -1591) associa a beleza e a claridade dos tons do crepúsculo à devoção, à chama que vai ao encontro de fogo mais potente. A devoção é o que leva o aspirante a prosseguir, ainda que os embates da vida externa tentem exaurir suas forças; é o que o faz avançar mesmo nos períodos de obscuridade, pois aumenta-lhe a fé.

A devoção é a chama com a qual se eleva a humanidade. Está no impulso que conduz o ser às profundezas da consciência em busca da perfeição. Está nas luzes das naves que, silenciosas, cruzam o céu em glória Àquele que as envia em serviço. Está na adesão do homem que, embora sem compreender totalmente a realidade supramental, se entrega a ela: a devoção o ilumina, fazendo-o ver a grandiosidade do Espírito.

Para se aprofundar no tema acesse o site www.irdin.org.br e o site www.comunidadefigueira.org.br

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