TRIGUEIRINHO

Como aceitar que a propriedade não existirá como agora?

Devemos levar ao coração tudo o que somos e temos


Publicado em 10 de dezembro de 2017 | 03:00
 
 
 
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Sendo simultaneamente instintivo, intelectivo e intuitivo, o homem precisa começar a buscar a consciência da unidade em si mesmo para a superação do apego e do senso de propriedade. Para o instinto e para o intelecto, é difícil aceitar que, num estágio futuro, a propriedade não existirá como agora. O lado instintivo é possessivo, teme passar necessidades; o intelecto, por sua vez, orgulha-se de suas ideias, não se dispõe a desapegar-se delas. O senso de propriedade está presente até mesmo no eu consciente do indivíduo que preza por sua essência interior, sua alma e espírito.

Quando o indivíduo finalmente emerge da consciência de massa, interage com o instinto, com o intelecto e com a intuição tendo consciência dessas três energias bem diferentes entre si. Sua tarefa é, então, transformar o instinto em intuição, usando, para isso, o próprio intelecto, que deve compreender o processo, concordar com ele e participar da obra. Caso contrário, surgem os conflitos psicológicos que todos conhecemos.

O que devemos alcançar, levar ao coração e depositar em seu templo sagrado às vezes é a parte mais material do ser; outras é aquela que argumenta e analisa e ainda outras vezes é a intuição, luz que traz em si todas as soluções. Esse templo, que recebe o que de mais caro o homem tem, corresponde ao corpo da alma – que vai absorvendo, transformadas, todas as tendências humanas. Enquanto tais tendências não são conduzidas à purificação, não podem ser transmutadas em algo superior, em algo que é tido como irreal para a percepção mais densa.

O intelecto em parte já compreendeu do que se trata e por isso experimenta um pouco daquilo que no futuro constituirá sua própria vibração. Mas é à medida que o eu consciente convive com a intuição, com o mundo espiritual, que ele consegue impulsionar e reunir todos os seus aspectos, elevando-os e renunciando a eles. Isso ocorre quando o indivíduo abraça e coordena todos os elementos que constituem o seu ser: trabalha-os, transmuta os que são aproveitáveis e transformáveis e rejeita os que são relutantes à evolução.

A consciência de massa, mesmo quando já transcendida, traz enraizado em si o senso da propriedade, que é uma das últimas ilusões da qual o homem evoluído se liberta. Por isso, o eu consciente não deve se deixar influenciar pelo instinto nem pelo intelecto, deve simplesmente seguir a voz da sabedoria.

Mas esse não é um trabalho feito apenas no nível da mente. O "coração" torna-se ativo quando o indivíduo é também coerente nas suas ações, ou seja, quando as pratica com independência em relação às solicitações ou influências externas. As vozes dos instintos e do intelecto acompanham todos nós no decorrer da vida. Qualquer instabilidade ou vacilação durante uma ação que esteja sendo conduzida pela parte mais consciente do indivíduo representa uma queda no processo de crescimento. Executada tal ação incorreta ou inexatamente, a seguinte deve ser empreendida sempre em ordem, de forma inabalável, a fim de equilibrar a anterior. Educa-se, desse modo, a perseverança.

Paciência infinita e não crítica são, neste trabalho, fundamentais. Vence, no final, a serenidade de espírito do homem que não perde o sorriso mesmo diante de fatos aparentemente tristes. Sim, deve-se sorrir durante a busca dessa unidade, mesmo que advenham circunstâncias desanimadoras.

Para se aprofundar no tema ou para conhecer outras mensagens recentes do autor, acesse o site www.irdin.org.br e o site www.comunidadefigueira.org.br.

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