Cada um de nós tem uma virtude própria, que diz respeito à natureza do seu ser e à sua tarefa evolutiva. Platão enumerou algumas virtudes humanas. Segundo ele, as virtudes são: a prudência, a justiça, a fortaleza, a temperança. Pelo estudo, pela instrução e pela paciência, aos poucos elas vão sendo formadas em nós.
As virtudes humanas permitem que nos organizemos como grupos e como sociedade. Criam também um ambiente receptivo para a alma humana exprimir-se. Se percebermos que nos falta alguma delas, temos de refletir sobre ela e trabalhar com paciência para que venha a manifestar-se. Assim se prepara as sementes daquela virtude.
A caridade é considerada a maior das virtudes. Não está entre as mencionadas por Platão, porque provém de nível mais elevado, supra-humano. É parte da natureza de Deus, da Consciência Única. Para experimentarmos a caridade, que é divina, precisamos estar em busca de Deus.
A Bíblia nos fala da caridade. Diz que entre nós deve existir caridade fraterna, disposição para compreender e aceitar os semelhantes e para nos unir com eles, com os que conosco formam uma irmandade e compartilham de uma energia universal. Em uma vida grupal evolutiva temos oportunidade de desenvolver tudo isso, principalmente a caridade fraterna.
Além disso, a caridade nos leva a ter presentes os aflitos, os encarcerados, os miseráveis. Embora com isso não resolvamos o problema imediato de todos eles, construímos no universo um fluir de energias que permite a transmissão dessa virtude aos demais.
Segundo a Bíblia, pela caridade chegamos a perceber a dificuldade de uma pessoa como se estivéssemos dentro dela. Pela caridade compartilhamos com a pessoa a situação em que se encontra e lhe damos algum alívio. Portanto, essa é uma virtude especial.
Do ponto de vista concreto, exercer a caridade é suprir as necessidades dos pobres, dos famintos e dos desprotegidos. Do ponto de vista moral, é prestar auxílio aos que se encontram de algum modo inferiorizados. Essa virtude facilita-lhes sair dessa situação em que se colocaram. Do ponto de vista espiritual, a caridade nos leva a amar a Deus em tudo e em todos. Isso começa com a compaixão, com a decisão de ajudar, de perdoar, de suprir, de não nos deixarmos levar pelas características externas de ninguém.
No texto bíblico lemos o seguinte: “Ainda que eu fale as línguas dos homens e dos anjos, se não tiver caridade sou como um bronze que soa ou como um címbalo que tine. Ainda que eu tenha o dom da profecia e conheça todos os mistérios e toda a ciência, e tenha toda a fé a ponto de transportar montanhas, se não tiver caridade nada serei. Ainda que distribua todos os meus bens no sustento dos pobres, e entregue meu corpo às chamas, se não tiver caridade nada disso me aproveitará.”.
Assim diz Paulo, na Primeira Epístola aos Coríntios.
Segundo essa mesma fonte, a caridade é paciente e benéfica, não é invejosa, nem soberba, nem ambiciosa e não busca seus próprios interesses. Não se irrita, de ninguém suspeita, não folga com a injustiça e se alegra com a verdade. A caridade tudo desculpa, tudo crê, tudo espera e tudo suporta. Vai sendo descoberta segundo o nível da nossa consciência. Ao desenvolvermos a caridade fraterna de uns para com os outros, avançamos cada vez mais na conquista dessa virtude.
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