Vida Saudável

Borderline

Redação O Tempo

Por Dr. Telmo Diniz
Publicado em 21 de abril de 2018 | 03:00
 
 
 
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Uma pessoa que tem um medo intenso de ficar sozinha; uma tendência em assumir riscos sem pensar nas consequências; que provoca automutilação ou tem pensamentos suicidas frequentes e tem sentimentos paranoicos, acreditando em coisas que não existem e se sentem perseguidas o tempo todo pelos outros pode ser portadora do chamado Transtorno Borderline (TB) de personalidade. 
As pessoas a sua volta a veem como desagradável, exagerada e agressiva, entretanto, ela é vítima de um distúrbio psiquiátrico. É uma pessoa “limítrofe” ou “fronteiriça”, por apresentar sintomas que se situam entre as neuroses e as psicoses. É um mal que atinge quase 2% da população adulta, respondendo por 10% dos pacientes psiquiátricos ambulatoriais, e que é responsável por nada menos do que 20% das internações psiquiátricas. Cerca de 10% dos portadores deste transtorno de personalidade concretizam o suicídio. Por isso, necessitam de uma ajuda rápida. 
O TB está inserido em uma categoria da psiquiatria que inclui os esquizoides, os paranoicos e os antissociais. É uma enfermidade relacionada à própria constituição da pessoa, ou seja, é seu “jeito de ser” – como se fosse uma assinatura pessoal pela qual ela passa a ser conhecida. Entre as características básicas de um paciente com transtorno borderline está a dificuldade de controlar impulsos e emoções. Como resultado disso, ele desenvolve relacionamentos extremamente tumultuados. É uma doença das relações. O paciente tem uma relação muito conturbada com as pessoas no geral, seja na esfera familiar, amorosa ou profissional. Os problemas de convivência são uma constante na vida destas pessoas. 
<CW8>Várias pessoas com TB ficam sem diagnóstico e, portanto, sem tratamento. Isso leva um grande sofrimento à pessoa e seus familiares. Então, quais seriam as principais características do transtorno? Como podemos enxergar alguém portador do TB? Geralmente, elas têm grande medo de ficar sozinhas; as relações interpessoais são intensas; são extremamente impulsivas, têm gastos extremados, sexualidade promíscua, abuso de drogas, direção irresponsável e crises de anorexia ou bulimia. De igual forma, se auto-mutilam com frequência e fazem repetidas vezes ameaças de suicídio associado a sentimentos crônicos de um vazio inexplicável. Apresentam constantes crises de raiva, gerando explosões – o que leva a brigas públicas com agressões físicas e verbais. Por fim, é muito comum a ideia de delírios de perseguição. 
O transtorno borderline é uma doença de difícil diagnóstico e tratamento. Por isso, deve ser avaliada e acompanhada por profissionais da área de saúde mental. O tratamento contempla, geralmente, a combinação de médico psiquiatra com psicoterapia comportamental. A medicação ajuda a controlar alguns dos sintomas, diminuindo a impulsividade e a agressividade. Entretanto, necessita, em paralelo, de uma abordagem psicoterápica do tipo comportamental. São tratamentos de longo prazo, mas que, se seguidos corretamente pelo paciente e com apoio da família, tem bons resultados. 
Faça uma boa semana. 

 

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