Vittorio Medioli

Vittorio Medioli

Empresário e político de origem italiana e naturalizado brasileiro, Vittorio Medioli está em seu segundo mandato como Prefeito de Betim. É presidente do Grupo SADA, conglomerado que possui mais de 30 empresas que atuam em diversos segmentos da economia, como logística, indústria, comércio, geração de energia e biocombustíveis, além de silvicultura, esporte e terceiro setor. É graduado em Direito e Filosofia pela Universidade de Milão. Em sua coluna aborda temas diversos como economia, política, meio ambiente, filosofia e assuntos gerais.

Opinião

O desafio

Escrevo para atender questões existenciais suscitadas nesta coluna.

Por Vittorio Medioli
Publicado em 01 de maio de 2022 | 03:00
 
 
 
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A Lei Divina, que muitos procuram com esforço, não é um ajuste severo, um acúmulo de mandamentos sufocantes e dolorosos, uma flagelação ou uma proibição disto ou daquilo. Ela, segundo os Mestres da Humanidade, é o desenvolvimento natural, apropriado, progressivo e gradual de cada ser. 

Não exige da pessoa menos desenvolvida aquilo que um ser altamente evoluído é capaz de realizar. A cada um, dentro de sua realidade, se apresentam possibilidades para exercer o livre arbítrio e as oportunidades. 

No entanto, cada ser humano deve viver e agir conforme o seu conhecimento pessoal e o grau de sabedoria que possui. Um iluminado não pode se contentar com o que um submerso nas trevas faria. Cada qual realizará aquilo que se considera ser seu dever com o planeta dentro de suas capacidades. Isso quer dizer viver o certo e o bem, sempre “incondicionalmente”, pois, se for para ter retorno de honras, benefícios materiais e glória, servirá apenas em ínfima parte ao espírito eterno que somos. 

A Lei Cósmica acompanha a evolução humana, desde seu começo até sua conclusão; nada perde ou esquece; tudo aproveita, acumula, processa, destila, devolve. 

As palavras terrenas são insuficientes para esclarecer os pormenores e a sutileza deste mecanismo superior que se abriga numa dimensão imperscrutável aos nossos limites cognitivos racionais. Dela temos vislumbre, contudo podemos ir além e “intuir” e “sentir”, porque nós somos (e nossa consciência é) parte integrante e fruto dessa Lei. 

Conforme acumulamos variadas experiências de vida em vida (e trazemos no nosso DNA o darma e o carma das vidas anteriores), é importante observar o mecanismo divino e deixá-lo operar, cada vez mais, em nossa existência, aceitando-o com serenidade, mesmo quando adverso. Tudo é necessário, imprescindível em nossa escalada. 

Ao deixar o ventre materno, carregamos duas principais características (segundo Rudolf Steiner): uma genética, herdada dos familiares; e outra espiritual, que trazemos de nossas outras existências, por vez centenas, em milhões de anos de evolução, que determinam o que somos no momento presente. Raríssimos, entretanto, são aqueles que, embrenhados na luta dentro da “caverna”, dominam o conhecimento desse passado. Também tê-lo conosco impediria de viver os não preparados para conviver com tantos horrores. Ficariam assombrados com o que já foram e fizeram.  

Todas as experiências e conhecimentos “determinam” a unicidade de cada ser humano, fruto de miríade de diversidade acumuladas. 

O esforço de evolução se tornará pouco eficaz se trabalhado em função apenas dos nossos bens materiais. O ser humano deve aproveitar suas oportunidades de fazer o bem quantas vezes for necessário, até ser capaz de “superar” suas limitações – não saindo à rua dando esmolas, mas com pensamento e ações que procurem ajudar, e não ser nocivo. Esses que vivem praticando maldade, tenham certeza, as terão uma por uma de volta. 

O homem pode ser distinguido pela Lei Cósmica conforme o grau de sua evolução. Existe, contudo, absoluta imparcialidade da Justiça Divina, mesmo que a aparência externa se mostre contraditória. A felicidade e a dor, especialmente esta última, são necessárias e imprescindíveis, assim como a doença, para corrigir a rota, avançar, evoluir, limpar nosso carma. 

No hinduísmo, considera-se a doença da varíola uma deusa, e quem é morto por causa dela não é incinerado em respeito à deusa que dele se apoderou. O corpo é enfaixado como múmia e submerso nas correntezas de um rio em signo de especial reconhecimento e respeito.  

Duvidar da Justiça Divina que regula a evolução é um atraso na compreensão dos equilíbrios. 

Como explica Platão, alguns são acorrentados no fundo da caverna, outros já se aperceberam que fora dela existe a realidade infinita, à qual somos destinados. Esses últimos, mais raros, abominam a arrogância e a soberba, aplicando-se à humildade e ao silêncio, em estado de serenidade e aceitação dos resultados como o melhor e o justo que sempre se realiza. 

Aquilo que o ser humano espera de ajudas da Lei Divina ele deve estar, na medida do possível, pronto para retribuir. Não apenas por agradecimento, mas especialmente para acelerar a expansão do bem como fórmula de retorno à “Unidade” da qual todos pertencem. 

Estas rápidas considerações, inspiradas na Mestra Pórtia, sobre a Lei e a Justiça Divinas, sugerem aplicar-se, constantemente, ao conhecimento do bem, da verdade, da beleza e da liberdade. Ainda, devemos proceder corretamente segundo nosso próprio conceito, e aquilo que almejamos para nós é o que também devemos desejar aos outros. 

A espera, em relação ao progresso e ao desenvolvimento espiritual, jamais irá decepcionar (diz a Mestra) se observadas as Leis Divinas do bem e da aceitação serena de tudo. 

Tenha um excelente dia! 

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