Wilson Campos é advogado, especialista com atuação nas áreas de direito tributário, trabalhista, cível e ambiental
Preliminarmente, vale citar Sobral Pinto, o sábio jurista brasileiro que ministrava lições ao mundo jurídico do seu tempo e que até hoje repercutem. Ele dizia: “A advocacia não é profissão para covardes”.
Não mais é bastante o rotineiro papel do advogado na sociedade. Ser indispensável à administração da Justiça e defensor dos direitos deixou de representar as únicas referências sociais do advogado. Os novos tempos estão a exigir mais desse profissional incansável e muitas das vezes pouco reconhecido. O advogado precisa ir além e defender a causa do povo.
A distância entre os problemas sociais de um país e o advogado precisa ser encurtada. O operador do direito não pode mais observar apenas sob a óptica jurídica as dificuldades impostas ao povo. O discurso democrático da OAB urge alcançar as ruas, somar fileiras com a sociedade na sua defesa e atuar firme na proteção integral das prerrogativas da advocacia.
O Brasil precisa de uma OAB mais corajosa e mais atuante, seja na defesa diuturna da sociedade, na busca de maior respeito à figura do advogado ou na cobrança de garantias constitucionais junto ao Judiciário ou onde quer que estejam. E não tema o advogado contrariar políticos, governantes, juízes ou quaisquer do poder público. Não tema o advogado as adversidades. Exerça o advogado a sua independência em face dos poderes e dos poderosos, no papel de fidelidade aos interesses do povo, haja vista sua missão diante da Justiça de buscar de forma intransigente a ampla defesa e o contraditório.
Não se trata de medo ou de enfrentamento desse ou daquele indivíduo, mas de um apelo social de luta pela dignidade da pessoa humana, que espera da advocacia muito mais do que ser uma simples profissão, mas a mais antiga e uma das mais essenciais profissões da humanidade.
A OAB e seus mais de 1,3 milhão de advogados ativos precisam vestir a camisa do povo e intervir efetivamente a seu favor, numa clara demonstração de que se importa, de fato, com os direitos humanos e com a justiça social e que pugna pela boa e reta aplicação das leis.
Instituição séria que é, a OAB necessita sair das sombras e se colocar na clareza solar de seu fundamental papel social de defesa da população brasileira, doa a quem doer. O advogado precisa ir além e defender a causa do povo, principalmente numa época em que os valores e os referenciais éticos se perdem, a censura asfixia a liberdade de expressão e o abuso de poder se torna insuportável. E, quando os cidadãos reclamam da ausência da OAB, estão na verdade clamando pela defesa da advocacia.
Mas tem que ser agora, sem mais delongas. O povo pede urgência, especialmente na defesa de direitos fundamentais e no combate às práticas abusivas por parte do poder público, seja do Executivo, do Legislativo ou do Judiciário. Urge sair da retórica e partir para a ação, em nome da verdadeira liberdade e do tão homenageado Estado democrático de direito.