Música

A estrela do tango argentino 

Redação O Tempo

Por Da redação
Publicado em 07 de fevereiro de 2015 | 04:00
 
 
 
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Se até com uma caixinha de fósforos é possível improvisar um samba, para tocar tango certamente é necessário algo a mais: de preferência um bandoneón. Surgido na Alemanha no século XIX, o instrumento chegou à região do rio da Prata no princípio do século XX e deu novos ares ao gênero mais representativo de Buenos Aires. “Sem o bandoneón o tango não teria feito história”, garante Rufo Herrera, músico argentino radicado no Brasil que se apresenta no Centro Cultural Banco do Brasil neste sábado (7) e domingo (8), às 20h, como parte da programação do Verão Arte Contemporânea (VAC).

“No Brasil, o Rufo é a maior referência nesse instrumento. Ele tem um trabalho muito especial no bandoneón que faz a ponte entre o popular e o erudito”, explica o também bandoneonista Francisco César, que fará uma participação especial no concerto. E é a junção do popular com o erudito por meio desse instrumento que será a proposta das apresentações deste fim de semana, que levam o nome de “O Bandoneón na Música Contemporânea”.
 
Com um repertório que contempla apenas composições de autoria de Rufo, o concerto será dividido em três atos. No primeiro, o público poderá se familiarizar com o instrumento em “Suite Austral”, um solo de quatro movimentos; no segundo, Francisco César se junta ao músico para executarem “Mantras”, um duo em dois movimentos; e no terceiro, Rufo recebe o grupo Quinteto Tempos para apresentarem mais duas composições, “Vagalume” e “Kósmitos”, a última delas dividida em três movimentos e com participação do Grupo Oficcina Multimédia (GOM).
 
Convidados
A participação de Francisco marcará um encontro de aluno e mestre, já que foi com Rufo que ele teve seu primeiro contato com o instrumento. “Me encantei pelo bandoneón e tive a sorte de ter aulas com ele na Fundação de Educação Artística”, conta. 
 
Já o Quinteto Tempos, idealizado pelo próprio Rufo, em 1992, é a materialização de seu citado desejo de fazer o erudito se encontrar com o popular. Com três discos lançados – “Tocata del Alba”, “Toda Música” e “Balada Para un Loco” – o quinteto é formado por Antônio Viola (Violoncelo), Eduardo Campos (Percussão), Fernando Santos (Contrabaixo), Gleidson Araujo (Violão), ao lado do bandoneonista Rufo. Unindo-se ao Quinteto Tempos, o Grupo Oficcina Multimédia entrará em cena no último movimento, encerrando o concerto.
 
Aliás, o Grupo Oficcina Multimédia, que também idealiza e produz o VAC, foi criado pelo próprio Rufo, em 1977. Logo integrado à Fundação de Educação Artística, que acolheu o projeto, ele é uma das muitas manifestações de uma outra faceta fundamental na história do músico argentino: a de quem promove a educação artística, em especial musical.
 
Foi partindo daí que Rufo também criou, junto com Ronaldo Toffolo e um pequeno grupo de instrumentistas, a Orquestra Ouro Preto, filiada a Universidade Federal de Ouro Preto – na qual ele dá aulas e que o premiou com o título de Doutor Honoris Causa, em reconhecimento ao conjunto de sua obra e relevância de sua trajetória artística. Tanto na Orquestra quanto no GOM, Rufo abriu portas. “Foram surgindo lideranças. Sempre foi essa minha ideia, formar pessoas que sigam o caminho”, conta o músico argentino.
 
São projetos como esses que dão vida ao seu desejo aproximar o erudito com o popular. “A música instrumental sempre esteve em um espaço muito restrito. Mesmo o jazz, dá pra ver que tem um publico restrito até hoje. O gosto popular sempre levou à música vocal, cantada e com letra. A nossa ideia é buscar esse público e trazê-lo para a música instrumental. Todos os concertos que faço estão tendo lotação de público, então estamos progredindo. Eu acredito”, empolga-se Rufo, que saiu da Argentina aos 23 anos e mora no Brasil há mais de 50 anos.
 
Rufo Herrera e Quinteto Tempos
Centro Cultural Banco do Brasil (Praça da Liberdade, 450, Funcionários, 3431- 9400). Neste sábado (7) e domingo (8), às 20h. R$ 10 (inteira)

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