ARTES CÊNICAS

Aquilombô chega à 2ª edição

Fórum Permanente de Artes Negras traz programação especial neste ano, abertura apresenta Madame Satã

Por Patrícia Cassese
Publicado em 26 de maio de 2018 | 03:10
 
 
 
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Em vez de uma mostra com previsão de início e término, um fórum permanente, no qual as discussões se estendem pelo arco temporal que os envolvidos julgarem necessário. Tendo essa inovação na proa, o “Aquilombô – Fórum Permanente de Artes Negras” chega à sua segunda edição, mantendo, porém, fidelidade ao foco original: trazer à tona o debate sobre as estéticas e narrativas negras em suas mais variadas linguagens artísticas. 

“A proposta (de se transmutar em fórum permanente) surge do desejo de ter um espaço de reflexão para de fato conseguirmos fazer com que as discussões acerca desta estética que tentamos problematizar se fortaleçam. A ideia surgiu de nossas buscas, enquanto artistas e investigadores”, pontua Anderson Feliciano, que divide a curadoria com Rodrigo Jerônimo. Feliciano lembra que a palavra escolhida para nortear essa segunda edição foi “arquipélago”. “A partir dessa imagem (evocada pela palavra), pensamos em residências como ilhas. E convidamos artistas de diferentes linguagens para habitarem essas ilhas e, daí, desenvolverem trabalhos a partir dos temas propostos”.

Mesmo com a diretriz da permanência, a segunda edição terá uma programação especial neste final de semana, quando o aclamado espetáculo “Madame Satã”, encenado pelo Grupo dos Dez, com a direção de João das Neves e Rodrigo Jerônimo, ocupa o palco do teatro Francisco Nunes.

Ao Pampulha, Jerônimo conta que, depois da temporada na capital mineira, “Madame Satã” passou por São Paulo, onde registrou casa cheia. “Foi uma recepção muito calorosa, intensa. Lotamos o teatro. Todos os dias, ingressos esgotados”. 

Vale lembrar que, há alguns meses, o elenco de “Madame Satã” registrou a entrada da trans Juhlia Santos no papel de Primorosa. “A partir de um protesto, de uma manifestação coletiva referente à representatividade trans nas artes, percebemos que cometíamos um ato transfóbico, ao colocar uma pessoa cisgênero – no caso, eu – no papel de um transexual. Conversamos e concluimos que não queríamos ser essa pessoa que não pratica a escuta”, diz, referindo-se ao movimento “não ao trans fake” e ao manifesto Representatividade Trans Já. 

Nessa nova edição do “Aquilombô”, a luta também ganha tônus com o convite feito a transexuais para, no âmbito dos fóruns, discutirem questões afins à da representatividade. “A gente entende que é hora inclusive de ver essas produção ganhando outros espaços que não só aqueles que eles próprios abrem”, diz Jerônimo.

A programação de abertura traz ainda a residência artística “Conversa Pra Boi Não Dormir: Qual Fórum Nós Queremos?” com Zora Santos. O encontro é aberto ao público e acontece neste domingo (27), a partir das 10h, na Casa do Cachoeirinha (rua Nossa Senhora do Brasil, 707, Cachoeirinha), com almoço a R$ 35 (a renda será revertida para o Aquilombô).

Madame Satã

Teatro Francisco Nunes (Parque Municipal). Nestes sábado (26) e domingo (27), às 20h. Valor de entrada opcional: R$ 10, R$ 20 ou R$ 30.

"Segundapreta”

5ª Temporada Começa nesta segunda (28), no Teatro Espanca! (rua Aarão Reis, 542), a quinta temporada da “segundaPRETA”. Até 2 de julho, sempre às segundas, às 20h, o projeto traz 15 cenas/espetáculos/performances. Na abertura, a Laia Cia. de Danças Urbanas mostra o espetáculo “Nada Mais É”. Confira programação completa em segundapreta.com. R$ 10 (inteira). Moradores de fora dos limites da av. do Contorno pagam meia.
 

Pretinha A edição homenageia a escritora Conceição Evaristo. Na programação, haverá, ainda, a 3ª edição do “segundaPRETINHA”, para o público infantojuvenil – no dia 10 (domingo), no Parque Municipal, na Praça do Trenzinho, às 10h, com entrada franca.

 

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