A atriz Simone Mazzer, 35, já se apresentou em Belo Horizonte. A última vez foi há três anos, quando participou com a Armazém Companhia de Teatro de um intercâmbio na sede do grupo Galpão. Já a cantora Simone Mazzer, que tem atraído a atenção de nomes como o do compositor Ronaldo Bastos (“ela é o novo que vai ficar para sempre”) e do crítico carioca Mauro Ferreira (“ela se porta em cena como um furacão que arrasta para si todas as atenções da plateia”), estreia em palcos mineiros no dia 14 (sábado), em única apresentação na Granfinos.
Em “Cabaré Batom”, Simone canta Janis Joplin, Sting, Björk, Assis Valente (“Camisa Listrada”), Rita Lee (“Dançar para Não Dançar”), Jair Oliveira (“Tiro Onda – Pra Onda Não me Tirar”), Paulinho Moska (“Um Móbile no Furacão”), Angela Maria (“Babalu”) e, principalmente, compositores que nasceram ou viveram em Londrina, sua cidade natal. Uma lista que inclui ícones da Vanguarda Paulista como Arrigo Barnabé e Itamar Assumpção e nomes pouco conhecidos do grande público como Maurício Arruda Mendonça, Bernardo Pellegrini e Robinson Borba. Aliás, é da lavra deste último a canção que a paranaense radicada no Rio considera seu carro-chefe: “Mente, Mente”. Composta originalmente para a trilha sonora do filme “Cidade Oculta” (1986), a música também foi gravada por Ney Matogrosso.
“(O show) é uma grande colcha de retalhos”, define. Mas tão logo usa a expressão, Simone se apressa a desfazer equívocos. “Confesso que tenho um pouco de receio de falar que o repertório tem um leque bem aberto porque dá a falsa impressão de ser uma coisa que você já viu, aquela coisa de repertório de bar, de banquinho e violão. E não tem absolutamente nada disso, até mesmo pela banda – baixo, piano e bateria –, que seria uma formação jazzística. Mas também não tem muito essa levada, não. É um show que tem peso, está todo calcado na canção, na interpretação. Se fosse para ter um rótulo, acho que ele estaria encaixado numa etiquetinha de indie”, define.
Influências
Artista de canto teatral, Simone confessa que o show é reflexo de tudo que escutou desde pequena. Na infância, no rádio de casa, ouvia Angela Maria, Cauby Peixoto, Agnaldo Rayol, Perla... Ouvia, mas não sabia como eram. “Como não tínhamos TV em casa, eu só tinha a referência do ouvido”, conta. Mais tarde, através da TV e, principalmente, do programa do Chacrinha, começou a ver os cantores e cantoras que até então só conhecia pela voz. “Gosto da era do rádio. As pessoas cantavam e eram famosas pelas vozes maravilhosas que tinham. Isso sempre me encantou”.
Já adolescente, “emburacou” pelo rock inglês. Só mais tarde, confessa, com a “cabeça musical” mudada conheceu e se interessou pelos compositores brasileiros. Iniciou a carreira de cantora profissional no final da década de 80 com no grupo Batom Chaminé. Isso ainda no Paraná. Depois, quando passou uma temporada em São Paulo, formou o trio As Madamas, ao lado de Edna Aguiar e Yvete Mattos. Também participou do disco “Pet Shop Mundo Cão”, de Zeca Baleiro. Na Armazém Companhia de Teatro, atuou, entre outros espetáculos, em “Pessoas Invisíveis”. Pelo trabalho, foi indicada ao Shell de melhor atriz, em 2003.
No cinema, estreou em “Sudoeste” (2012), de Eduardo Nunes; trabalhou em “Mato Sem Cachorro” (2013), de Pedro Amorim; e em breve poderá ser vista em “Nise da Silveira – Senhora das Imagens”. No filme de Roberto Berliner, ela é Adelina Gomes, uma das pacientes da psiquiatra (vivida na telona por Glória Pires), que fez história ao usar a arte como veículo para cura. Paralelamente, Simone prepara seu primeiro disco solo, que sairá pelo selo Dubas, de Ronaldo Bastos, e terá patrocíno do programa Petrobras Cultural.
Simone Mazzer
No show "Cabaré Batom"
Granfinos (av. Brasil, 326, Santa Efigênia, 3241-1482). Dia 14 (sábado), às 22h. R$ 20 (inteira, 1º lote).