Música

Festa para Dori e seu violão 

Redação O Tempo

Por Bárbara França
Publicado em 01 de novembro de 2014 | 04:00
 
 
 
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Caymmi é sobrenome de peso. Este ano, ele tem sido especialmente lembrado devido às celebrações do centenário de Dorival, um dos grandes nomes da música brasileira, cujo legado tem atravessado o tempo nas vozes de vários artistas, entre eles, seus filhos Nana, Danilo e Dori. É este último, o primogênito do clã Caymmi, que vem a Belo Horizonte na próxima sexta (7) para divulgar seu novo disco, “70 Anos”, e reforçar a máxima, indiscutível, de que o bom gosto musical da família atravessa gerações.

“70 Anos”, como o nome sugere, foi lançado em comemoração à chegada de Dori ao clube dos setentões. No entanto, no lugar de regravações ou versões de músicas que marcaram sua trajetória, o CD reúne 13 inéditas em parceria com o poeta e amigo de longa data Paulo César Pinheiro, em arranjos para voz e violão. Aliás, o grande homenageado no álbum é o instrumento. “Tenho meu violão há 55 anos. É meu amigo, é minha muleta”, comenta Dori, para quem a temática das letras de “70 Anos”, um tanto saudosistas, até pessimistas, sobre um paraíso perdido, não é uma escolha e, sim, um sentimento premente. 
 
“Esse sentimento é produto dessas modificações que a gente viveu. O Rio de Janeiro não é mais a minha cidade e a gente vem denunciando essas mudanças. É uma tristeza”. O músico se refere principalmente às transformações culturais e musicais vividas pelo Brasil desde os tempos áureos da geração da qual fez parte. Funk, axé, sertanejo universitário, pop, isso é que é música popular brasileira para Dori porque, continua ele, música brasileira mesmo é outra coisa.
 
Samba, choro, bossa nova, isso é que é a essência do brasileiro, segundo o músico que tem seus arranjos estudados até em dissertação de mestrado do curso de música da Universidade de Brasília (UnB). Longe de querer soar arrogante, Dori só não acha graça da forte influência da música estrangeira no nosso cancioneiro. Morando em Los Angeles desde o fim dos anos 1980, ele se explica: “não tenho nada contra o rock’n’roll. Eu escuto, só que na terra dele”, diz.
 
Tributos
A miscelânea de fato não é seu forte e, dentre tantas homenagens dedicadas a seu pai, a da sua sobrinha Alice foi uma das que ele menos gostou. A filha de Danilo deu uma abordagem carnavalizante a clássicos do avô no show “Dorivália”. Segundo Dori, “papai (Dorival) jamais cantaria aqueles axés”. Mas ele garante: “questão de gosto, nada de ressentimentos na família”. 
 
Gostar de verdade ele gostou das honrarias prestadas pelas escolas de samba Águia de Ouro, de São Paulo, e Aruc, de Brasília. “Paulinho Boca, Ivete, várias pessoas também fizeram tributos a ele de formas muito bonitas, muito generosas. Papai era uma pessoa muito querida, muito simples”. Dori também ficou lisonjeado com o aceite de Caetano Veloso, Gilberto Gil e Chico Buarque em participar do disco “Dorival Caymmi – Centenário”, idealizado pelos três irmãos. A obra está inclusive concorrendo ao Grammy Latino de melhor álbum de música brasileira. Na categoria “música do ano”, Dori concorre com “Alguma Voz” e disputa o título com Caetano Veloso (“A Bossa Nova É Foda”), Maria Bethânia (“Carta de Amor”), Vanessa da Mata (“Segue o Som”) e Zeca Baleiro (“Calma Aí, Coração”)
 
 
Dori Caymmi
No show “70 Anos”
Teatro Bradesco (r. da Bahia, 2.244, Lourdes, 3516-1360). Sexta (7), às 21h. R$ 60 (inteira)

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