Música

Mautner fala

Redação O Tempo

Por Priscila Brito
Publicado em 04 de abril de 2014 | 13:23
 
 
 
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Jorge Mautner, 72, sempre tem muito o que falar. Seja em uma conversa BH-Rio mediada por telefone ou em um bate-papo com o público, como o promovido pelo projeto “Retratos de Artista: Molduras do Pensamento”, que traz o músico e escritor à cidade na próxima quarta-feira (9), no CentoeQuatro.
 
Mautner vai expor pontos de seu processo criativo, suas experiências individuais e na carreira numa conversa que certamente vai caminhar para um emaranhado de inúmeras referências históricas, científicas e de atualidades que ele costuma puxar de sua mente para esclarecer qualquer questionamento. Será uma versão micro daquilo que o artista já vem trabalhando há algum tempo: uma obra ambiciosa, em 20 volumes, na qual vai rever sua trajetória artística desde 1956, ano em que começou a escrever “Deus da Chuva e da Morte”, seu primeiro livro. Seguindo suas próprias convenções nada convencionais, Mautner adianta que esta não será uma obra autobiográfica ou um livro de memórias. “A memória é linear. Eu vou ziguezaguear pra frente e pra trás de acordo com o impacto dramático-impressionista da situação. São quase 60 anos, tem muita coisa pra dizer”.
 
A volta ao passado, por sinal, parece bater insistentemente na porta do artista. No próximo dia 26, será lançado o álbum duplo “Para Detonar a Cidade”, gravação recém-descoberta de um show de 1972 que traz seis músicas inéditas, das quais nem o próprio Mautner se lembrava. São elas “Roses from Baghdad”, “Louca Curtição”, “Chave de um Perdido Paraíso”, “Magic hill”, “Medonho Quilombo” e “Salve, Salve a Bahia”, batizadas pelo músico no momento em que ouviu a gravação. “Fiquei muito emocionado. Ria, chorava. Fiquei surpreso também porque são músicas compridas. É muito som mesmo. Naquela época, dentro de uma ditadura, os shows tinham uma força vital para promover encontros”, reflete.
 
Com os pés também no presente, o músico lança neste ano seu primeiro disco de inéditas desde 2007. Será dedicado a Nelson Jacobina, seu principal parceiro criativo, morto em 2012, e terá participação da “garotada”, como o próprio Mautner define. Ele será acompanhado em estúdio pela banda Tono, que tem o filho de Gilberto Gil, Bem Gil, na guitarra, e vai gravar uma faixa com a jovem banda carioca Exército de Bebês. Também vai cantar com Caetano Veloso música sobre direitos humanos composta em parceria com José Miguel Wisnik. “A liberdade é bonita, mas não é infinita. Acredite, a liberdade é a consciência do limite”, cantarola.
 
“Retratos de Artista”
Com Jorge Mautner. CentoeQuatro (Praça Ruy Barbosa, 104, centro, 3222.6457). Dia 9 (quarta), às 19h30. Entrada gratuita. O Café 104 abrirá às 18h e a capacidade do local é de 120 pessoas. 

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