Foi apenas uma grande coincidência o nome do mais recente espetáculo do ator e diretor Jorge Fernando, em cartaz desde o início de 2012, ter praticamente o mesmo nome da novela das 21h que Glória Perez levaria ao ar alguns meses depois. Para não perder o tom cômico do monólogo “Salve Jorge Fernando”, em cartaz no Teatro Sesiminas na sexta (15) e no sábado (16), ele brinca em cima da situação.
“O pessoal pode pensar que estou contando a história do capitão (em referência a um dos protagonistas de “Salve Jorge”, Téo, o personagem de Rodrigo Lombardi), mas o ‘Fernando’ está no nome em destaque. Mas, sem dúvida, esse cara sou eu”, gargalha.
O trocadilho com a música tema da novela cai bem, pois a peça gira em torno do próprio Jorge, que leva para o palco sua história de vida. Mas não se trata de um auto-enaltecimento, ele adverte. “É uma brincadeira com coisas que vivi e uma homenagem a todo mundo que me ajudou e com quem aprendi trabalhando junto. Tem aquela coisa da história norte-americana, do menino do subúrbio que sonhava ser artista e conseguiu”, resume.
“By Jorginho”
Jorge nasceu em Del Catilho, zona norte do Rio de Janeiro. Já pequeno se interessava por teatro e, na adolescência, com a ajuda da mãe, fez sua própria versão de “Hello Dolly”, famoso musical da Broadway cuja montagem brasileira teve Bibi Ferreira no elenco. “Hello Dolly By Jorginho” fez temporada em escolas e clubes do bairro onde o garoto morava.
Integrou o grupo de dança Dzi Croquettes, peça importante da contracultura brasileira, e partiu para a televisão, onde começou como ator e se firmou na direção. Atrás das câmeras, comandou “Camabalacho”, “Que Rei Sou Eu?”, “Vamp”, “Sai de Baixo” e “Chocolate com Pimenta”.
Pontos dessa trajetória se transformam em esquetes ou elementos do monólogo. Em determinado momento, o diretor recorda que, na infância, adorava “brincar de show”. Na sequência, engata uma sequência de sapateado. Ao fundo, um telão recupera imagens de sua carreira.
O ritmo segue intenso, com Jorge ora cantando, ora dançando em meio a trocas de figurino e de cenário. “Esse ritmo todo é uma maratona. Eu entro no palco com o pique para fazer uma partida de futebol”, brinca.
O formato de “Salve Jorge Fernando” segue o mesmo de “Boom”, outra produção do diretor há 12 anos em cartaz. Muitas esquetes, ritmo acelerado e interação com a plateia: Jorge convida espectadores para subir no palco e dançar com ele.
“É um barato”, ele diz, mas também uma sessão de terapia repassar toda a vida no palco. “Quando você consegue rir de um problema, você vê saída para ele. E quanto mais você fala daquilo que era um tabu na sua vida, mais isso passa a ser algo normal”, observa.
Jorge comanda hoje a direção do remake de “Guerra dos Sexos”, assim como o fez há 30 anos, quando também esteve por trás do folhetim cuja primeira versão teve Fernanda Montenegro, Paulo Autran, Glória Menezes e Tarcísio Meira. “A novela agora vai ser guardada para a eternidade em HD, com qualidade de som e de vídeo, uma luz linda. Foi minha primeira obra. Poder refazê-la 30 anos depois é uma coisa que me dá muito prazer”, comemora.
Novelas
Fora da TV aberta, o trabalho de Jorge como diretor está em exibição no Canal Viva, com “Rainha da Sucata” – que sucedeu “Que Rei Sou Eu?”, outra novela que teve sua direção. Em agosto, será a vez de “A Próxima Vítima” ganhar reprise, outra produção comandada por ele.
O trabalho de direção que Jorge gostaria de rever na TV, porém, é “As Filhas da Mãe”, que ele considera injustiçada. Ele considera que não teve a atenção devida a trama que focava na briga das filhas de Lulu Luxemburgo (Fernanda Montenegro) – Tatiana (Andréa Beltrão), Ramona (Cláudia Raia) e Alessandra (Bete Coelho) – pelo resort deixado pelo pai, Fausto Cavalcante (Francisco Cuoco), após um golpe em seus sócios.
“Na época, era moderna demais, tinha um rap que amarrava a história. Na segunda semana em que ela estava no ar, aconteceu o atentado de 11 de setembro e o mundo parou por causa daquilo. Quando a novela foi retomada, já estava com o Ibope baixo, o público perdeu os 50 primeiros capítulos. Adoraria vê-la no ‘Vale a Pena Ver de Novo’”.
Salve Jorge Fernando
Teatro Sesiminas (rua Padre Marinho, 60, Santa Efigênia, 3241-7181). Dia 15 (sexta) e 16 (sábado), às 21h. R$ 70 (inteira, sexta). R$ 80 (inteira, sábado)