Música

Três rainhas em três tempos

Claudette Soares, Leny Andrade e Wanda Sá dão sequência ao projeto Salve Rainhas, na Funarte-MG

Por Luna Normand
Publicado em 09 de agosto de 2013 | 10:40
 
 
 
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O que Claudette Soares, Leny Andrade e Wanda Sá têm em comum? As três ajudaram a construir e a disseminar, no fim dos anos 1950, a Bossa Nova, movimentado capitaneado por João Gilberto que revolucionou a música brasileira. As três desembarcam na cidade em dias diferentes para dar sequência ao projeto “Salve Rainha”, na Funarte-MG. Idealizado pelo gestor cultural Pedrinho Alves Madeira, o projeto tem formato de talk show, tendo como entrevistadora a jornalista e escritora Malluh Praxedes.

Apelidada por Luiz Gonzaga de Princesinha do Baião, Claudette completa 50 anos de carreira colecionando alcunhas e causos. Famosa pela voz macia, que gerou a chamada “bossa sexy”, foi ela quem lançou e popularizou nomes como Gonzaguinha e Taiguara, além de ter sido uma das primeiras a gravar Roberto Carlos fora do círculo da Jovem Guarda.

Parte dessa história ela compartilha com os fãs neste sábado (10) e domingo (11), acompanhada do maestro José Estebez. No roteiro, além de fatos históricos da carreira e curiosidades sobre o Rei do Baião e a dupla Roberto & Erasmo Carlos, ela cantará alguns de seus sucessos, como “De Tanto Amor”. “Vou fazer uma retrospectiva, alternando essas e outras informações com canções de Taiguara, Tom Jobim e Vinícius de Morais”, diz.

Uma das responsáveis por levar a Bossa Nova para São Paulo, Claudette também vai contar como foi dar esse passo fundamental na carreira. “Sou carioca da gema e, nos anos de 1960, larguei tudo e fui para SP aconselhada por Ronaldo Bôscoli (compositor e produtor musical), que dizia que, no Rio, eu seria só mais uma cantora de Bossa Nova. Deu certo”, revela.

Na quarta-feira (14), Leny Andrade promete apresentar um repertório diversificado ao lado do pianista e arranjador Fernando Merlino. Conhecida por sua notável capacidade de improvisação, Leny diz que não preparou nada para o show em BH. “Não faço nenhum repertório antecipado. Tenho com o Fernando (Melino) uma média de 60 músicas, de onde sairá a seleção que nós iremos apresentar. Mas garanto que é tudo bom. Não canto ‘musiquinha’”, diz.

Curiosidades
Para o talk-show, Leny antecipa algumas curiosidades e intimidades. “Não bebo absolutamente nada. Em meus shows, durante os intervalos entre uma música e outra, nem água eu bebo. Esse é um dos motivos de ter 70 anos e cantar do jeito que eu canto. A bebida, seja ela qual for, queima as cordas vocais”, afirma.

Wanda Sá, outra convidada do projeto, sobe ao palco no próximo sábado (17). Ela vem falar “um pouco sobre o passado, o presente e o futuro”. “Trabalhei com muita gente conhecida, então tenho muitos casos para contar. Sou da segunda geração da Bossa Nova, que começou tietando o estilo musical e acabou se transformando em profissional da área”, antecipa.

Uma das pioneiras do movimento, Wanda fez parte da banda de Sérgio Mendes e do grupo Brasil 65, com Jorge Ben Jor e Rosinha de Valença. “Depois que nos tornamos profissionais, tivemos o privilégio de continuarmos amigos 50 anos depois do início de tudo isso”, enfatiza. No talk-show estarão músicas do início da carreira e canções pouco conhecidas, como "Não Faz Assim”, de Oscar Castro Neves e Ronaldo Bôscoli.

Paralelamente ao “Salve Rainhas”, as três trabalham em projetos próprios que devem chegar ao mercado nos próximos meses. Claudette prepara o lançamento de um DVD ao vivo com participação da Orquestra Sinfônica do Rio de Janeiro.

Wanda grava em outubro o DVD “Isso É Bossa Nova, Isso É Muito Natural”, com lados B. Além deste, ela também tem outros dois projetos para o segundo semestre: o DVD “Só Me Lembro Muito Vagamente”, para festejar o cinquentenário do histórico “Vagamente”, e pretende lançar “Photografy”, álbum com músicas em inglês de Tom Jobim.

Já Leny Andrade finaliza um disco só com canções de Ivan Lins, com lançamento para outubro.

Projeto Salve Rainhas
Claudette Soares: Sábado (10) e domingo (11); Leny Andrade: Quarta (14); Wanda Sá: Sábado (17). Todos os shows às 19h, na Funarte MG (Rua Januária, 68 – Floresta) . Ingressos: R$ 5 (inteira) e R$ 2,50 (meia). Informações: (31) 3213-3084

Elas por elas
Pampulha pediu às cantoras que trocassem impressões uma da outra. Confira o que elas disseram:

Claudette Soares sobre Leny Andrade. “Ela é tão versátil que tudo o que faz é muito bom, inclusive as improvisações. Gosto muito de ‘Estamos Aí’ (de Durval Ferreira, Maurício Einhorn, Regina Werneck), uma das primeiras gravações dela”

Wanda Sá sobre Claudette Soares. “Gosto muito da interpretação dela para a canção ‘A Volta’, do Roberto Menescal e Ronaldo Bôscoli”.

Leny Andrade sobre Wanda Sá. “É uma grande amiga e, por isso, gosto de tudo que ela faz. Apelidei Wanda de ‘Wanda Vagamente’, por causa da canção “Vagamente”, de Ronaldo Bôscoli, que marcou a sua carreira”. 

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