50 ANOS DE CARREIRA

Um brinde à vida

Comemorando rica trajetória, Cheio de novidades na cartola Sidney Magal traz a BH o espetáculo “Bailamos

Por Patrícia Cassese
Publicado em 16 de fevereiro de 2018 | 16:10
 
 
 
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“Graças a Deus”. Essa foi a frase mais proferida por Sidney Magalhães, ou simplesmente Sidney Magal, durante a entrevista concedida na última quinta-feira ao Pampulha. Detalhe: em alguns momentos, ele foi pontuando sílaba por sílaba. Mesmo confessadamente exausto após a maratona de Carnaval, o cantor, de 67 anos, é só alegria ao falar dos projetos que, desde o ano passado, tratam de referendar seu meio século de carreira. 
 
Caso do show “Bailamos”, que ele faz aqui, na capital mineira, nas próximas quarta e quinta (dias 21 e 22), no Sesc Palladium. Detalhe: a procura foi tal que uma apresentação extra, na quinta, às 18h, se fez necessária – o que suscitou mais um “graças a Deus”.
 
O espetáculo estreou ano passado, no Espaço das Américas, em São Paulo. “Era no meio da semana, e, mesmo assim, os 7.000 ingressos esgotaram-se. A casa superlotou”, brinda. Cumpre dizer que a concepção partiu de Rodrigo, filho do cantor, que passou a assumir a produção das apresentações do genitor. “Ele ficou muito empolgado com o resultado e falou: ‘Pai, sei que vai ser custoso, mas vamos fazer a turnê.’ Custoso porque uma coisa é viajar como sempre faço, com banda. Mas esse espetáculo tem cenário, bailarinos... e ainda mais músicos”.
 
O show que fará na capital mineira só ficará a dever ao de São Paulo porque os convidados que lá estiveram não poderão vir, em função da agenda: no caso, Ney Matogrosso, Rogério Flausino, Rincón Sapiência e Milton Guedes. 
 
Além da produção esmerada, o chamariz principal é, claro, o repertório. Perguntado sobre qual música leva o público à apoteose, ele gargalha: “Essa é a pergunta mais fácil de responder! Bem, na verdade, sabe que até hoje tenho dúvidas se ‘Sandra Rosa Madalena’ ou ‘Sangue Latino’? E tem ‘Me Chama Que Eu Vou’, lambada que fez muito sucesso nos anos 90’”.
 
E se no Carnaval ele lacrou ao cantar “Despacito”, no show, o sucesso do porto-riquenho Luis Fonsi fica de fora. “No bloco, foi uma brincadeira, mas funcionou bastante”, ri. “Em compensação, canto uma música em espanhol muito bonita do Ricky Martin, com balé”. 
 
Marco
 
Os 50 anos de carreira de Magal começaram a ser festejados ano passado, com o lançamento da biografia “Muito Mais Que Um Amante Latino” (Irmãos Vitale, 380 páginas, R$ 35,90 no site da Saraiva), da pesquisadora Bruna Ramos da Fonte. “Um livro lindíssimo”, exalta. 
 
O show em São Paulo, por sua vez, foi registrado e lançado em DVD, já exibido pelo Canal Brasil. Semana passada, ao rol de novidades foi acrescido a estreia do clipe “Um Brinde à Vida”, com o rapper Sapiência. “É praticamente a única inédita do espetáculo”, cita.
 
Uma outra carta na manga é um documentário sobre sua carreira, que deve estrear no segundo semestre. “Vamos esperar a Copa do Mundo. A direção é da Joana Mariani, que fez o filme do Joãozinho Trinta (‘Trinta’, de 2004) e ‘Marias’ (2015). A princípio, ela quer que se chame ‘Sidney & Magal’, mas falei: ‘Vai parecer dupla sertaneja’ (risos). Ela retrucou que é porque as pessoas estão muito cientes de que tenho a minha personalidade como homem, marido e chefe de família – o Sidney – e a artística – o Magal. ‘As duas convivem bem dentro de você’, argumentou. Mas insisti: ‘Pode até ser, mas que vai parecer dupla sertaneja, vai (risos). Então, não tenho certeza ainda”.
 
Título à parte, será a primeira vez que o artista vai expor sua intimidade, já que Magal não é muito de ser visto com a família em revistas de celebridades. A esposa Magali foi citada recentemente na mídia a bordo da aparição do artista na folia paulistana. Mais uma gargalhada interrompe a conversa: é que alguns sites noticiaram que ela teria ficado brava ao saber que o marido havia declarado que o carinho dos fãs dava a ele mais tesão que a cara-metade. “O povo não perdoa. Falei isso, claro, como brincadeira (risos), pois as pessoas estavam gritando: ‘você é um tesão’, ‘você é maravilhoso’... Em vez das tantas coisas lindas que falei, pegaram a frase mais capciosa”.
 
Neste Carnaval, Sidney Magal estreou o comando de um bloco, na capital paulista. Na verdade, em 2016 ele já tinha tido uma experiência como convidado do bloco BregsNice, mas agora dividiu metade do cortejo como timoneiro. Na sequência, voou para o Rio de Janeiro, onde desfilou na Grande Rio. “Estou um pouco morto, um bagaço. Meus shows têm cerca de uma hora, uma hora e 15, fiquei três no bloco e ainda queriam mais (risos). Devido ao calor, foi a primeira vez que me apresentei de bermudas. Mas foi maravilhoso, alto astral”. 
 
Balanço
 
Arguído sobre os 50 anos de trajetória, Magal assume tom mais sério. “É o tal negócio, não tem como explicar. Não sou da época do marketing. Hoje em dia, você pega um artista que às vezes nem tem talento e consegue transformá-lo em um ídolo por um, dois ou três anos. Não sou dessa época, mas, graças a Deus, daquela na qual a gente brigava pelo espaço, principalmente no caso do artista popular. Tenho um sem número de colegas que hoje enfrentam dificuldades para sobreviver. Então, é inexplicável. Talvez a coisa da troca, do amor, do carinho do público, e a verdade do meu trabalho. Porque é isso: subo no palco como se fosse a primeira vez, para tentar conquistar meu primeiro disco de ouro. É garra e algo que penso estar faltando ao país: respeito. No caso, pelo meu público. Mas um respeito grande mesmo”.
 
Antes de encerrar, ele, que recentemente assumiu os cabelos grisalhos, aproveita para fazer um pedido: “No final (da matéria), manda um beijo para toda Minas Gerais. Avisa que meu carinho por vocês não é de agora não. Quando tinha 15, 16 anos, me apresentei no Teatro Francisco Nunes, no centro. Então, tenho um grande amor por Minas desde sempre, e vamos nos rever daqui a pouco”, despede-se.
 
 
Sidney Magal
No show “Bailamos”
Grande Teatro do Sesc Palladium (r. Rio de Janeiro, 1.046). Dias 21 (quarta), às 21h, e 22 (quinta), às 18h e 21h. A partir de R$ 40 (inteira, plateia 3)
 

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