Os números parecem ser bastante generosos para o maestro e compositor mineiro Andersen Viana, 48. Em 33 anos de carreira, o belo-horizontino formado pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) já acumula 20 prêmios, passagens por países como Itália e Suécia e a incrível marca de 287 obras compostas. Com doutorado em música pela Universidade Federal da Bahia (UFB), referência no gênero em todo o país, ele se prepara para lançar mais um livro de partituras, o décimo de sua carreira, agora em parceria com a editora norte-americana Hamar Percussion Publications.
Andersen é professor de música da Fundação Clóvis Salgado e cresceu em uma íntima relação com essa arte. Desde criança era levado a óperas regidas pelo pai, o saudoso músico Sebastião Vianna, e sempre viu sua família envolvida nesse universo. "No mesmo dia do meu nascimento, ele ensaiava Madame Butterfly, de Puccini, ou seja, acho que dessa forma já estava escutando música", conta.
Sua adolescência foi dividida entre bandas como Rush, Deep Purple e Queen, além de compositores como Chopin, Villa-Lobos, Mozart e Beethoven. A lista, como define bem o compositor, é infindável, e talvez justifique o atual momento vivido por ele. "Minha atenção agora está voltada para uma estética híbrida, entre o erudito e o popular", comenta.
A obra de Andersen se caracteriza pela diversidade, e passa pela música experimental, erudita, MPB, jazz, música híbrida e música eletrônica experimental. "Parte do que faço causa controvérsia para muitos, entretanto, sou muito eclético. Crio aquilo que não é muito popular, como também o que é bem popular", explica.
O cinema, por meio da música, também está presente na vida do maestro. "O trabalho começou a partir do curso de música para filme na Accademia Filarmônica di Bologna e na Accademia Chigiana di Siena, onde pude estudar a técnica e a arte da música em relação ao audiovisual", conta.
Perguntado sobre seu gênero musical favorito, Andersen Viana é objetivo. "Existem coisas boas e ruins tanto na música popular quanto na erudita. O que me interessa é a expressividade artística de uma obra musical e isso pode ser encontrado tanto em Mozart como em Cartola".
Comunicação
Comunicação e acesso rápido a novos meios de produção. O meio eletrônico possibilita maior facilidade e transposição de barreiras em vários níveis de acesso, o que viabiliza um intercâmbio muito rico para o meio artístico. Isto é, como músico, exploro o que há de mais atual com uma frequência quase que imediata, e criar requer esse tipo de movimento"
Arte
"Essa técnica de arte, o fractal, é um bom exemplo de arte inclusiva, onde qualquer um, com um pouco de conhecimento e sensibilidade, pode realizar imagens interessantes, com a possibilidade de imprimir este trabalho em vários suportes. O gênio neste caso é o desenvolvedor do software"
Aliança
"A partitura musical faz parte do meu domínio, do que sou, refere-se a mim intimamente. O produto do meu trabalho pelos anos a fio. Uma aliança inseparável, com a qual também me revelo ao mundo"
Origem
"Esta máscara indígena é uma marca das nossas origens, do elo original que não nos deixa perder a força oriunda da natureza"
Superação
"O gramofone é o início da indústria e da fruição musical acessada pelo grande público. Um belo exemplo de superação técnica e estética, onde a mesma técnica e variados recursos estavam a serviço da arte, e não o contrário, como acontece hoje em dia"