Tira, cutuca, empurra... Para as brasileiras, remover a cutícula – aquela pele que envolve as unhas – é um mais do que um hábito: é um ato de higiene, que dá ainda um acabamento mais bonito na hora de passar o esmalte. Mas a temida cutícula não é tão ruim quanto parece e o hábito de não removê-l as tem ganhado novas adeptas.

A questão é que, se mal cuidada, as cutículas podem, realmente, causar problemas. Se cortadas em excesso ou feridas, por exemplo, elas podem inflamar. A consequência são unhas fracas, traumatizadas, com manchas e irregularidades. Além disso, se retiradas sem cautela, podem se tornar foco de doenças infecciosas e, nos casos mais graves, em que há uso compartilhado e sem higiene do material, de hepatites B, C e até HIV.

A dermatologista Ana Cláudia de Brito Soares explica que é a cutícula que protege a unha da entrada de microrganismos e da ação de agentes irritantes, como bactérias. “Removê-la completamente pode causar, ainda, distorção no formato da unha, pois você afeta uma área próxima à matriz da ungueal, considerada a sua fábrica”, diz.

Por isso mesmo, nos EUA e em países da Europa, a prática é proibida e as manicures de lá, em vez de cortar, hidratam a pele com produtos adequados e a empurram com uma espátula. Mas há muitos outros artifícios e produtos disponíveis no mercado.

A novidade mais recente que acaba de chegar ao mercado norte-americano e, em breve, deve desembarcar por aqui, são as chamadas tatuagens para as cutículas. Bem pequenas e com desenhos delicados e variados, elas são temporárias e de fácil aplicação. Lembra daquelas tatuagens adesivas que vinham como brindes em chicletes? É mais ou menos isso. Com um pouco de água, elas aderem à pele, decorando o dedo e, de quebra, escondendo a cutícula. Por enquanto, elas podem ser encontradas no site da Rad Nails, especializado em unhas (www.radnails.com).

Sem alicate

Optar por deixar de retirar as cutículas pode não ser tarefa fácil e das mais agradáveis. No entanto, saiba que com paciência e muita hidratação é possível, sim, dizer adeus ao alicate. “No começo ela ficará mais áspera e espessa, mas com o tempo chegará ao lugar”, garante Ana Cláudia.

Neste processo, que pode levar cerca de dois meses, use e abuse da uréia, um componente bastante presente em cremes hidratantes que retém a umidade da água, mantendo a cutícula hidratada por mais tempo. Ivan Curtiss Silviano Brandão, dermatologista da Sociedade Brasileira de Dermatologia, indica massagear diariamente a pele que envolve as unhas com um pouco do produto. “Isso previne a quebra, a fraqueza e a aspereza”, diz.

Os chamados redutores de cutícula também são outro aliado e, como o próprio nome diz, com o uso prolongado ajudam a mantê-la sob controle. Outra solução rápida e prática são as canetas hidratantes, que podem ser carregadas na bolsa e aplicadas ao longo do dia. “Quanto mais hidratada, mais reta e plana. Além disso, ela fica mais maleável e é mais fácil de empurrá-la, deixando a unha com um aspecto tão bom quanto quando feita com alicate”.

Razões para abandonar o alicate

Para os mais resistentes, a dermatologista Ana Cláudia de Brito Soares propõe retirar o mínimo possível da cutícula. Segundo a profissional, quanto mais se retira, mais ela cresce, gerando um círculo vicioso. “O ideal é cortá-la só superficialmente, para dar um acabamento melhor ao esmalte”, aconselha. Entre os benefícios estão unhas mais fortes e saudáveis, já que a matriz ungueal fica protegida; agilidade e menor tempo na manicure e acabamento impecável, sem “bifes e as incômodas “pelinhas”.

Se as cutículas são retiradas em excesso ou quando há cortes e machucados, abre-se caminho para que a unha se torne foco de doenças. Ivan Curtiss Silviano Brandão, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia, revela que uma delas é a paroníquia. “É uma infecção que faz com que a pele daquele local fique avermelhada, úmida, com pus e ligeiramente inchada; a cutícula fica machucada, podendo se decompor”, revela. O tratamento é feito com fungicidas ou antibióticos.

Guia da unha e da cutícula

Evite a acetona - Ela é uma das grandes vilãs do ressecamento. Escolha os removedores de esmaltes, sempre.

Esmalte escuro -  Usá-los com frequência deixa as unhas amarelas, por isso, o ideal é intercalar com cores claras.

Esfoliação - Esfoliar a unha e a pele ao redor dela com uma bucha vegetal ou lixa elimina as células mornas e melhora a hidratação.

Dica - Para amolecer a cutícula e evitar infecções, adicione duas tampas de água oxigenada em um litro de água e borrife nas mãos antes de fazer a unha. </MC>