CINEMA

Mostra do Filme Livre volta a BH 

Mostra de cinema chega a 16 ª edição com curadoria direcionada à diversidade da produção cinematográfica nacional

Por Jessica Almeida
Publicado em 13 de maio de 2017 | 03:00
 
 
 
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Quando começou, há 15 anos, a Mostra do Filme Livre (MFL) cumpriu o importante e pioneiro papel de abrir espaço para um cinema que era feito de forma digital. Numa época em que produzir em película era muito caro e na qual os festivais não se abriam para filmes que não estivessem nesse formato, a produção cinematográfica independente se beneficiou bastante da existência de um evento como tal. Em sua 16ª edição, com esse cenário já bastante modificado, a MFL, que chega a Belo Horizonte na próxima quarta (17), mantém sua relevância e se renova, na medida em que continua se direcionado para o cinema feito no Brasil com um olhar generoso, que busca contemplar sua diversidade.
 
“Costumo parafrasear Humberto Mauro (1897-1983), que dizia que ‘cinema é cachoeira’. Eu digo
que se cinema é cachoeira, vídeo (digital) é rebentação”, diz o diretor da mostra, Guilherme Whitaker. “Quando começamos, ligamos esse alerta de que cinema é muito mais do que a bitola em que é feito, mas hoje esse cenário se transformou. O cinema entendido enquanto o formato em película foi engolido, e isso é maravilhoso. Hoje, todos os festivais aceitam o digital, o que torna o acesso democratizado”. 
 
Não sendo essa mais uma preocupação da MFL, o olhar se volta para outros horizontes. “Só conseguimos crescer e nos manter a cada ano por estarmos sempre atentos à relevância do projeto e à sua reverberação nacional. Esse ano, são 200 filmes, que apresentam uma série de discussões. Acho que somos o maior ou o principal evento que não tem restrição de tema, bitola, ano de produção. Isso nos permite ser muito abrangentes, e o esforço curatorial que fazemos é ficar atentos a quais deles são mais relevantes, precisam ser vistos, entendidos e debatidos”, comenta o diretor.
 
Para a edição deste ano, foram inscritos 1.115 produções. Desse total, foram selecionados 170 (75% deles feitos sem verba pública), e outros 30 entram como convidados. “Nosso processo de curadoria passa por pensar não só nas coisas que nos interessam, mas por entender o perfil do evento e os diversos públicos que ele contempla”, afirma Gabriel Sanna, que assina a curadoria ao lado de Marcelo Ikeda, Chico Serra, Diego Franco, Scheilla Franca e Raquel Junqueira.
 
“O cinema tem por característica pensar o momento político, e com essa efervescência que temos vivendo isso inevitavelmente aparece. Temos filmes focados em problemas urgentes, como moradia, liberdade de expressão etc. E nos preocupamos muito com o conjunto de filmes passados numa mesma sessão, para potencializá-los, abrir diálogos”.
 
Homenageados
 
Dois realizadores foram escolhidos para receberem homenagens na edição deste ano: a diretora Paula Gaitán e o recém-falecido Luiz Paulino dos Santos, que chegou a estar presente na passagem da mostra pelo Rio de Janeiro. “O Luiz sempre foi muito envolvido com filmes mais etnográficos, documentais, trabalhou com Glauber Rocha, embora depois tenham brigado. Ele produzia de forma muito esparsa, e tinha acabado de lançar um filme novo. Esteve com a gente no Rio, participou do debate, estava ótimo, lúcido, mas, infelizmente, teve um problema e faleceu, já estava com 86 anos. Mas apresentaremos sua retrospectiva, faremos o debate e vamos mostrar um curtinha com a participação dele no Rio”, afirma Guilherme Whitaker.
 
Paula Gaitán, por sua vez, é uma figura constante na MFL. “Da geração dela, que começou nos anos 1980 – e, na verdade, de todas as gerações –, é quem mais dialoga com o que está acontecendo agora, esse cinema pós-industrial, é muito mais transgressora que muita gente jovem”, comenta Gabriel Sanna.
 
 
 
Mostra do Filme Livre
CCBB (praça da Liberdade, 450, Funcionários, 3431-9400). De 17 de maio a 5 de junho. Sessões com entrada franca. Confira programação até a próxima sexta (19) na pág. 26 e o restante no site www.mostradofilmelivre.com

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