Reportagem

Da BH que temos à BH que queremos

Presentes - Iniciativas de cidadãos comuns transformam BH em uma cidade melhor e mais feliz

Por Giselle Ferreira
Publicado em 12 de dezembro de 2015 | 03:00
 
 
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Se Caetano Veloso falou a verdade ao cantar que “quando a gente gosta é claro que a gente cuida”, já podemos concluir que Belo Horizonte é, portanto, uma cidade amada. Neste sábado (12), a capital mineira completa 118 anos e, para comemorar a data, o Pampulha preparou uma lista com os presentes que ela vem recebendo, ao longo do ano, pelas mãos de seus habitantes. Desde projetos que revitalizam com arte áreas abandonadas da cidade até iniciativas que facilitam a doação de roupas, a troca de saberes ou a partilha de plantas, BH está cheia de gente empenhada em tornar suas ruas mais alegres e seu dia a dia mais agradável. 
 
Izabela Giannini, 45, é uma das que têm feito sua parte, deixando o ambiente urbano mais verde. Idealizadora do “Encontro Partilhando Mudas e Sementes BH”, a gerente de recursos humanos busca, com a multiplicação de plantas e árvores, fazer a capital retomar o clima de Cidade Jardim. 
 
“Com o ‘Partilhando’, criamos um novo ponto de encontro de admiradores da natureza, deixamos BH mais florida e feliz e, de quebra, fazemos novos amigos. Nossa contribuição é sensibilizar e redespertar as pessoas para uma vida mais natural e verde”, define. 
 
A “sensibilidade”, âmbito em que atuam muitos dos trabalhos que o Pampulha destaca nesta edição, é a potência a ser explorada para a transformação da cidade que temos para a cidade que queremos. 
 
Assim é a análise da artista e professora da escola de Belas Artes da UFMG Brígida Campbell. “O modo como, nas cidades, nossa vida é orientada para o trabalho e a nossa felicidade é condicionada pela aquisição de bens constrange a nossa sensibilidade e nossa criatividade. A arte urbana nos traz outros códigos, outra necessidade de relação com os espaços”, diz, enfatizando que uma das maiores forças da arte é a de nos propor novas relações espaciais, cognitivas e sensíveis. 
 
“Essas obras na cidade ativam espaços e transformam quase tudo em dispositivo de arte e de transformação urbana”, comenta Brígida, para quem trabalhos de reforma como o Oasis ou de lambe-lambes poéticos como o de Leonardo Beltrão (“Um Lambe Por Dia”) engajam a sociedade e cria pertencimento.
 
“Quando ocupamos um espaço público com arte ou algum outro tipo de intervenção, criamos ali uma relação afetiva. Passamos a cuidar mais, passamos a entender aquele espaço como nosso. A cidade é, afinal, um processo e somos nós os atores disso. Somos todos molécula do mesmo organismo”, completa. 
 
A era do compartilhamento
Além de agradecimentos efusivos e sorrisos enviados da parte de quem entra em contato com os inspiradores projetos de intervenção urbana, os idealizadores têm colhido agora os louros por suas boas ações.
 
O projeto “The Street Store” recebeu homenagem do Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB-MG) pela categoria generosidade do Prêmio IAB Gentileza Urbana 2015. Já o “Mulambo Coletivo” foi premiado pelo quesito direito à paisagem urbana.
 
O “Banco dos Saberes” é uma das iniciativas indicadas ao Prêmio Beagá Cool 2015 e o nome de Izabela Giannini não demora a figurar em listas como estas. 

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