Artes cênicas

Ser mãe nos palcos 

Redação O Tempo

Por Lorena K. Martins
Publicado em 21 de novembro de 2015 | 04:00
 
 
 
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Desde fevereiro, a Zula Cia. de Teatro dedicou-se a recolher uma série de depoimentos de mulheres por meio de oficinas promovidas em centros culturais e rodas de conversas como parte da campanha “Madre”. Como o próprio nome sugere, o tema explorado em todos esses encontros foi o universo feminino e a maternidade.

Diante d uma série de histórias derivadas de diferentes mulheres, deixar todos esses relatos somente em um projeto era pouco para o grupo teatral. Daí surgiu a ideia de levá-los também aos palcos, por meio do teatro documentário, com o espetáculo “Mamá”, que estreia na próxima sexta (27), na Funarte MG, dentro do projeto Conexões.
De acordo com a atriz e uma das fundadoras da Zula, Talita Braga, o espetáculo faz um mergulho nesses depoimentos. “Reunimos mulheres de diferentes classes sociais e faixas etárias nesses encontros. Também recebemos relatos de mulheres do Brasil todo, via e-mail. Sem contar os encontros mais íntimos em que conseguimos aprofundar mais e desconstruir a imagem da maternidade, deixando a mulher em primeiro plano, com todos os seus conflitos e dificuldades”, explicou Talita, que divide o palco com Andréia Quaresma.
Em muitos desses workshops, o projeto contou com o apoio da psicanalista Elisa Massa, que proporcionou ainda mais um aconchego para as mulheres contarem sobre as dificuldades, como uma depressão pós-parto, por exemplo. “Todos os depoimentos são completamente diferentes um do outro. O que entendemos é que a experiência materna é única para cada mulher. Levamos essas várias vozes para a cena, é como se a nossa conversa estivesse continuando nos palcos e nunca vai se encerrar”, comenta Talita.
 
Montagem
É no palco, inclusive, que acontece o mergulho nestes depoimentos, que contou com a direção de Grace Passô e dramaturgia de Assis Benevenuto. “A Grace é genial, ela dirige muito bem e trouxe uma visão da mulher como figura sensível. Ela nunca aceita a primeira ideia e experimenta muito, pensando em várias possibilidades. Foi uma troca muito rica, como um chá de grupo”, diz.
O foco do espetáculo, entretanto, é dar voz para essas mulheres que sentem ainda dificuldades de se encontrarem como mães. “Pegamos todos os depoimentos e selecionamos improvisações a partir deles, até chegar numa seleção final. Uns depoimentos foram transformados em áudio, outros só em imagens, outros não estão na íntegra. Criamos alguns ficcionais também”, explica a atriz.
Vários dos depoimentos gravados foram transformados em trilha sonora em conjunto com o músico André Veloso, da banda Constantina. No palco, Talita e Andréia não tem a pretensão de interpretar nenhuma das entrevistadas. “Nós somos narradoras, nossa função é levar essas vozes pro palco. Não somos personagens, mas um veículo para levar as vozes sobre esses percalços humanos”, finaliza Talita.
 
Mamá
Dir. Grace Passô
Funarte MG (r. Januária, 68, centro, 3213-3084). De 27 de novembro a 6 de dezembro. Na primeira semana, de sexta a sábado, às 20h, e domingo, às 19h; Na segunda semana, de quinta a sábado, às 20h, e domingo, às 19h. R$ 10 (inteira).
 
Extras
Temporadas Depois da temporada de estreia, o espetáculo será apresentado em centros culturais de Belo Horizonte.
Libras A sessão de estreia também terá tradução em libras. Depois das apresentações dos dias 28/11 e 5/12, haverá bate-papo
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Sessões Gratuitas Dias 9/12 no Centro Cultural Zilah Spósito (r. Agenor de Paula Estrela, 380, Jaqueline), às 19h30; 16/12, no Centro Cultural Vila Santa Rita (r. Ana Rafael dos Santos, 149), às 10h; e 19/12 no Centro Cultural São Geraldo (av. Silva Alvarenga, 548), às 20h

 

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