LITERATURA

Trilogia celebra Murilo Rubião 

Trilogia de Murilo Rubião será lançada na Livraria Quixote em comemoração a seu centenário, a coleção conta com três celebres contos do mineiro e ricas ilustrações

Por Bárbara França
Publicado em 03 de dezembro de 2016 | 03:00
 
 
 
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Marilda Castanha não se lembra exatamente quando, nem de qual conto se tratava, mas se recorda bem do impacto que sentiu quando se deparou pela primeira vez com a escrita de Murilo Rubião (1916-1991). “Acho que a palavra é essa mesmo, eu fiquei impactada. Era época do colégio ainda e eu me lembro de chegar em casa pensando: ‘acabei de ter a leitura mais louca da minha vida’”, conta a ilustradora. Com o passar dos anos, o estranhamento foi dando lugar a uma grande admiração pela obra do escritor mineiro, mas o impacto, este permanece. 

“Lendo ‘Bárbara’, fui até a metade mais ou menos interpretando de uma forma. Até que me deu um estalo e eu comecei a encarar o conto de outra maneira e tudo ficou ainda mais instigante”. Não por acaso, foi a história da mulher que não se sacia e tem desejos sem fim que Marilda escolheu para ilustrar na trilogia de Murilo Rubião que será lançada em Belo Horizonte neste sábado (3).

Trazendo novas edições para “O Edifício”, com ilustrações de Nelson Cruz, e para “Teleco, o Coelhinho”, ilustrada por Odilon Moraes, além de “Bárbara”, a trilogia celebra o centenário do grande precursor do realismo fantástico no Brasil e busca aproximar sua obra do público jovem. 

“Rubião é um autor que faz a gente querer voltar a seus contos. Diria que, diferente de entretenimento, é uma literatura de reflexão e é muito importante a gente passar por ele em algum momento da vida. Eu li na minha adolescência, mas não vejo minha filha lendo. E, sempre que comento sobre, ela acha genial, fica louca para ler”, conta Marilda, para quem o que falta hoje é mais divulgação e valorização do trabalho do mineiro, sobretudo nas escolas. “O autor tem estado um pouco renegado hoje em dia. Ele é tão rico e, acho, tão pouco lido. Queremos ajudar a fazer com que sua obra encontre os leitores novamente”, completa Nelson Cruz, que idealizou a trilogia. 

Idealização

Para o ilustrador, Rubião perdura porque sua narrativa é instigante, mas também porque o conteúdo de seus contos continua extremamente atual. “Ele traça uma investigação em torno do ser, em torno do estar no mundo, que foi o que mais me chamou a atenção em ‘O Edifício’”, conta o ilustrador, sobre o conto com o qual optou trabalhar. “A princípio, após reler todos os 33 contos de Rubião, Marilda e eu selecionamos os seis. O critério foi o impacto que eles exerciam em nós”, conta Cruza. 
Para chegar aos três finais, os ilustradores escolheram, então, aqueles com os quais mais se identificavam. “Quando apresentamos os primeiros selecionados a Odilon Moraes, ele pediu o ‘Teleco, o Coelhinho’ de uma vez e também fez um belíssimo trabalho”. 

A ideia de trabalhar com a obra do mineiro neste momento, por sua vez, surgiu da vontade colocar no papel toda a imaginação suscitada pela escrita de Rubião. “O escritor é muito imagético, quase cinematográfico. A criação de imagens é frequente no seu estilo de escrever e isso, para um ilustrador, é um prato cheio. As ilustrações que oferecemos, todas feitas à mão, são fruto essencialmente do contato individual com a obra. Oferecemos a nossa interpretação”, destaca. A trilogia, lançada pela Editora Positivo, traz ainda textos de apresentação dos críticos literários Nelson de Oliveira, Mariana Ianelli e Nilma Lacerda.

Lançamento - Trilogia de Murilo Rubião
Livraria Quixote (r. Fernandes Tourinho, 274, Savassi, 3227- 3077). Neste sábado (3), às 11h. Entrada gratuita. Os livros serão vendidos no local a R$ 39,80 (cada). 
 

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