América Latina

Pé de chocolate

De fazendas de cacau no Brasil e no México a tour de trem no Equador

Por Eduardo Maia
Publicado em 03 de maio de 2014 | 03:00
 
 
 
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Talvez tenha faltado a Belém do Pará um Jorge Amado. Alguém capaz de dar contornos líricos à vida de ribeirinhos que transformam uma fruta amazônica em delícias admiradas no mundo todo. Mas a realidade que se encontra no fundo de um igarapé da ilha do Combu, onde Dona Nena produz seu chocolate artesanal com o cacau nativo, não carece de contornos ficcionais. A história parece mesmo saída dos livros e tem atraído turistas e amantes da iguaria, como a chef Roberta Sudbrack.

“Sou apaixonada! Aqui no Rio acho que fui a primeira a usar. Ele é parte fundamental de um prato chamado ‘chocochuchu’. O chocolate de dona Nena é selvagem, puro, verdadeiro. Minha cozinha não vive mais sem ele”, diz a cozinheira gaúcha, que serve chocochuchu no seu restaurante no Jardim Botânico.

O sucesso do chocolate da ilha do Combu coloca o Pará, segundo maior produtor de cacau do Brasil, no mapa do ecoturismo inspirado por essa cultura, já bastante desenvolvido na baiana Ilhéus e em países latino-americanos.

Do Equador ao México, o chocolate é tema de roteiros temáticos que, mais que doces lembranças de férias, ajudam a compreender como o fruto surgido na América do Sul conquistou o mundo de tão variadas formas.

“Muita gente acha que o cacau é originário do México, mas é das margens do rio Orinoco, numa área de fronteiras que abrange parte de Brasil, Venezuela, Equador e Peru”, diz Rodrigo Aquim, da loja carioca de mesmo nome, que virou autoridade no assunto e produz um chocolate com cacau de Ilhéus.

Se nas Américas o programa tem apelo vivencial, na Europa e nos Estados Unidos a graça é explorar o trabalhos de famosos chocolatiers. Entre eles um respeitável chef de cozinha francês que anda cada vez mais entusiasmado com o assunto. Depois de abrir, no ano passado, sua primeira casa dedicada ao cacau, La Manufacture de Chocolat (onde o visitante pode acompanhar a produção), Alain Ducasse acaba de inaugurar a segunda em Paris, cada uma em uma margem do rio Sena.

Mas para os chocólatras, a capital francesa já era um paraíso bem antes de monsieur Ducasse e seu chocolate manufacture chegar lá. Muitas das maiores referências no assunto estão em Paris, como Pierre Hermé, que transforma cacau em máscaras tribais africanas.

 

 

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