Comida di Buteco

Receita ‘uai’ de sucesso

Criado em BH, festival acontece até 11 de maio em 16 cidades brasileiras

Por Tânia Ramos
Publicado em 19 de abril de 2014 | 03:00
 
 
 
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Uma ode aos 15 anos do Comida di Buteco, o maior festival gastronômico mineiro, que fidelizou público e ultrapassou fronteiras. De Belo Horizonte, a capital mundial de bares, o evento se espalhou pelo interior e chegou a capitais de outros Estados, como Goiânia, Belém, Manaus, Salvador e Fortaleza; mesmo metrópoles como Rio de Janeiro e São Paulo e Distrito Federal, Brasília, renderam-se a essa invenção “uai”, que está acontecendo em 16 cidades brasileiras, simultaneamente, até o dia 11 de maio.

A proposta é simples: oferecer uma comida de raiz. Mas o resultado, ousado, tem como principal ingrediente a criatividade revelada em cada prato, concorrente dos respectivos concursos do festival. Porém, mais do que agradar ao exigente paladar dos amantes de um bom tira-gosto, o Comida di Buteco tem se revelado uma receita de sucesso, realizando sonhos e transformando vidas.

Impacto

Com o lema “Boteco como extensão de sua casa”, o festival soma, nesses 15 anos, mais de 1,5 milhão de tira-gostos (vendidos apenas durante o evento), mil botecos impactados e cerca de 380 novas receitas a cada edição. Estima-se que, entre os mais de 2 milhões de votos computados, cerca de 150 mil foram de turistas.

E mais do que isso: o projeto, que nasceu em Belo Horizonte, tem contribuído, ainda, para o reconhecimento do valor da cultura mineira, colocando a capital em evidência em várias metrópoles mundiais, por meio de publicações como “The New York Times”, de Nova York, “La Nación”, de Buenos Aires, e “The Guardian”, de Londres. O festival já foi contemplado, segundo os organizadores, com a veiculação de 100 milhões de notícias.

No rastro de tão bem-sucedida iniciativa, muitos bares ganharam visibilidade e, com isso, um público cada vez maior, que, cativo durante o evento, estende-se pelo ano inteiro. Logo, com mais público, maior receita; mais dinheiro em caixa, melhorias na infraestrutura e geração de empregos, tecendo, assim, uma teia de sucessos em grupos e individuais.

 

EXPERIÊNCIAS BEM-SUCEDIDAS EM MINAS

Recorde de vendas em 2013

Belo Horizonte: De uma porta só, o Bar do Dedinho (que existe há sete anos) passou para três desde que aderiu ao festival. “O Comida di Buteco mudou minha vida porque me fez ganhar bastante dinheiro, divulgou o Bar do Dedinho não apenas para toda a Belo Horizonte, mas também para o Brasil inteiro, e isso ficou evidente por eu ter a casa cheia não apenas durante o concurso, mas durante todo o ano. Foi a mola propulsora para que eu crescesse, ampliasse meu bar, melhorasse a cozinha, os banheiros, o mobiliário e toda a infraestrutura, além de cuidar mais da higiene do local, e, obviamente, melhorar meu cardápio. Na edição de 2013, bati o recorde de vendas da história do bar num sábado e, na sexta-feira seguinte, nasceu meu filho Pedro, e um dia depois bati novo recorde. O festival não mudou apenas a minha vida, transformou também a de meus funcionários. Tive um garçom que realizou o sonho da casa própria nos cinco anos em que trabalhou aqui”, diz Alisson Alexandre da Silva, o Dedinho.


Bar tricampeão consolida marca

Montes Claros: Primeiro bar tricampeão do Comida di Buteco no país, a Cantina do Léo tem feito história na cidade-polo do Norte de Minas nesses últimos dez anos. Localizado no Mercado Municipal, local conhecido pela variedade (legumes, verduras, frutas, frutos, artesanato e produtos regionais), o Léo, famoso pela sua excelente cozinha, tornou o mercado um ponto de encontro para os botequeiros da cidade. Porém, depois de sua primeira participação no Comida di Buteco, em 2007, “mudou tudo. O festival me deu suporte total para o bar ser o que é hoje”, diz ele, referindo-se às mudanças que o bar sofreu, incluindo a contratação de mais duas funcionárias. Emocionado, Léo acrescenta: “depois do festival, meu faturamento triplicou e, assim, minha vida pessoal também mudou, comprei imóveis, carro e conquistei uma marca. Hoje meu nome é reconhecido”, comemora.


Conquista de muitos títulos

Ipatinga: Em 2007, quando o Comida di Buteco chegou à cidade, o Bar Galpão vivia no vermelho. “Eu estava devendo ao banco toda semana”, recorda o proprietário José Wilson, o Zé, acrescentando que “isso já durava cinco anos. Mas, desde a primeira edição do festival, eu nunca mais devi nada e pudemos passar a nos preocupar com qualidade e atendimento, conquistando, enfim, muito clientes. Conseguimos comprar o lote do bar, contratar mais gente e construir minha casa”, comemora Zé. E não é pra menos: ele acumula os títulos de campeão, vice-campeão e terceiro lugar do concurso por três anos consecutivos. O resultado foi pular de três funcionários e 15 mesas, antes do festival, para nove funcionários e mais de 30 mesas hoje, atraindo muitas famílias para almoço ou jantar.


Cresce marca

Uberlândia: Tão logo se graduou, o publicitário Carlos Guilherme Andrade Brito, o Carlão, decidiu abrir um boteco: o Saideira. Mal sabia ele que sua vida seria transformada, pois, antes mesmo de o empreendimento completar um ano, ele foi convidado para participar do Comida di Buteco. “Antes do concurso, o bar tinha 30 mesas, uma cozinha amadora e 12 funcionários; depois do festival, temos 70 mesas, 22 funcionários e uma cozinha planejada com mais de 200 m², além de ter iniciado o serviço de delivery e apresentar um crescimento nas vendas de, em média, 80% a cada edição”, enfatiza Carlão, para quem o mais importante foi o crescimento da marca e o reconhecimento como um bom boteco,
de confiança.


Bar foi pago após aderir ao festival

Poços de Caldas: A história do Bar do Bosco remonta à cidade de Elói Mendes, onde, em 1976, nasceu o boteco improvisado num pequeno cômodo alugado, com a ajuda de amigos. Devagarinho, João Bosco Moreira (com a esposa Maria Cleusa Alves Moreira) mostrou-se habilidoso na arte de cozinhar, até que, em 2006, mudou-se para Poços, onde montou o bar com a família envolvida no trabalho. Nessa época, o bar não tinha forro e era coberto apenas com TNT e telhas, com uma cozinha pequena e oito mesas. Mas, em 2007, o convite para participar do Comida di Buteco “foi um marco para deixar os anos difíceis para trás. Assim, foi possível pagar o investimento do bar, quitando-o por completo”, comemora João Bosco. E conclui: “Nesse caminho, filhos cresceram, netos vieram, o boteco virou empresa, e a vontade continua, porque vencer é se superar sempre”.


Premiação melhora movimento

Juiz de Fora: “Ter um bar nem sempre foi uma atividade glamurosa, valorizada e rentável, mas com a chegada do Comida di Buteco as coisas mudaram”, testemunha Abílio, dono do Bar do Abílio, um empreendimento de 45 anos, que, embora conhecido, só teve o merecido reconhecimento “após a premiação, quando melhorou muito o movimento. Pessoas que nunca tiveram a oportunidade de conhecer o bar, começaram a frequentá-lo e, com isso, tive que contratar mais três funcionários e dois ajudantes para os fins de semana, sem esquecer da reforma do boteco e do prêmio da Bohemia. Além disso, alugamos também mais uma loja ao lado para atender melhor o cliente”, finaliza Abílio. 

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