Na capa do seu mais recente álbum, “Tropix” (2016), a cantora paulistana Céu aparece com os cabelos ainda mais encaracolados, volumosos e com uma estética bem disco anos 80, um casamento perfeito com a sonoridade de seu novo trabalho, repleto de beats dançantes. O figurino da turnê também está andando em sintonia com a nova fase da cantora. No videoclipe de “Perfume do Invisível”, lançado há dois meses, Céu usou legging de lamê de cintura alta e blusa de paetês que brilham enquanto ela dança em uma discoteca. Todo esse apelo visual só vem reforçar a forma que a cantora encontrou, mais uma vez, de estreitar, ainda mais a ligação entre a moda e a música.
Céu mudou e muito de visual ao longo dos dez anos de carreira, quando começou com ares mais hippies. Hoje, trabalha em parceria com a stylist Isadora Gallas, amiga que ela conheceu durante a turnê do disco “Vagarosa” (2009). A sonoridade brasileira da cantora foi também a inspiração para guiar a coleção assinada em parceria com a marca carioca Farm, lançada neste mês.
Batizada de Velvet Caju, a linha criada por Céu é composta por 60 peças que mesclam a vibe oitentista a referências artísticas bem brasileiras, como Jacob do Bandolim, Mestre Vieira, Luiz Melodia e Chiquinha Gonzaga. “No final nas contas, estou usando muitas das peças que desenvolvi na Farm para essa turnê. O disco estava sendo feito na mesma hora, foi uma feliz coincidência”, disse.
Mas esta não foi a primeira vez que a cantora assumiu uma empreitada fashion. Em 2014, fez uma coleção cápsula com as marcas Janiero Body of Colours e Okan Benin, responsáveis, inclusive, pelo seu figurino da época de “Caravana Sereia Bloom”, lançado em 2012.
Enquanto se reinventa no palco a cada show, Céu continua ligada no que acontece no circuito e não abandona peças fluidas e um bom e velho jeans. “Sou básica, mas detalhista. O que uso é porque adoro mesmo. Gosto de peças atemporais”, explicou.
No clima do show que acontece na próxima quinta-feira (26) na capital mineira (leia mais na página 14), a cantora contou ao sobre os seus figurinos nos shows e as inspirações para criar a sua parceria com a Farm. Pampulha
Como foi o processo de criação das peças para a “Velvet Caju” e qual o tipo de mulher que você quer vestir? Você, inclusive, desenhou os silks que estampam as peças da coleção. De onde veio a inspiração?
Foi super interessante pensar em tudo isso... A Farm é uma marca destinada principalmente para meninas cariocas de 14 a 25 anos. Eu tenho 36 e sou de São Paulo. Eles abriram bastante o universo deles e me deixaram fazer uma coleção que tivesse a ver com meu mundo. Desenhei mesmo, peças que queria ter e usar, pra fora e dentro do palco. Eles me ajudaram no direcionamento e me trouxeram todo o ‘know how’ que já têm. Adorei, foi bem divertido.
Você está trabalhando com a Isadora Gallas, sua stylist, há quanto tempo? Como é esse processo de escolha das peças e a sua parceria com a Isadora?
A gente se conheceu no meio da tour do “Vagarosa” e nos tornamos amigas. É bacana pois, quando inicio um novo trabalho, vem junto com ele uma cartela de cores, vários questionamentos: Tem ruído gráfico? É curto? É longo? É brilhoso? Ela consegue entender muito bem tudo isso, essa forma mais subjetiva de eu lidar com moda, diferente dela que estudou. É uma parceria bem bacana.
Você costuma acompanhar a moda, assistir a desfiles... Quais são seus estilistas prediletos?