Quando olhamos para o quadro de desigualdade que persiste no Norte de Minas, salta aos olhos não apenas a distância em relação ao restante da Região Sudeste, mas também a ausência de uma representação política efetiva que defenda os interesses desse território em esferas mais altas de decisão. A superação desse descompasso não depende apenas de investimentos e planejamento técnico: é, antes de tudo, uma tarefa política.

É necessário compreender que, em uma federação como a brasileira, os recursos, os projetos e as grandes decisões sobre o futuro das regiões passam inevitavelmente pelo ambiente legislativo. Câmaras estaduais e o Congresso Nacional são os espaços onde as políticas públicas ganham forma, volume orçamentário e força institucional. Sem representantes legítimos e comprometidos com a realidade do Norte de Minas nesses espaços, o território continuará sendo apenas um ponto esquecido no mapa de prioridades do Estado e da União.

Mas representatividade política não pode ser vista apenas como uma questão numérica ou partidária. É preciso formar e eleger lideranças que tenham compromisso real com o desenvolvimento da região, que conheçam suas limitações, suas riquezas e, principalmente, a urgência de se estabelecer um projeto de longo prazo para a superação do atraso. Eleger representantes que enxerguem o Norte de Minas como prioridade significa garantir que as demandas por saneamento, saúde, educação, infraestrutura, cultura e desenvolvimento produtivo sejam ouvidas onde as grandes decisões acontecem.

Por outro lado, essa representação política precisa caminhar lado a lado com iniciativas firmes e planejadas dos prefeitos locais. Não adianta eleger deputados estaduais e federais se, nos próprios municípios, a agenda de desenvolvimento estiver fragmentada ou guiada por interesses imediatistas. Prefeitos precisam atuar como líderes regionais, articulando forças, construindo consórcios intermunicipais, elaborando projetos consistentes e apresentando propostas concretas aos seus representantes parlamentares. É um trabalho de dentro para fora e de fora para dentro. Sem essa conexão entre a ação política e a ação administrativa local, o ciclo de atraso se perpetua.

A ausência de representação política atuante gera invisibilidade. E invisibilidade gera abandono. Por isso, o Norte de Minas precisa de prefeitos comprometidos e de representantes políticos firmes, capacitados e dedicados ao enfrentamento das desigualdades. Só assim será possível reverter o atual cenário em que parte significativa do território mineiro continua à margem do desenvolvimento alcançado por outras regiões.

Superar as desigualdades internas do Sudeste e dar ao Norte de Minas o lugar que lhe é devido na agenda nacional não é uma escolha: é uma necessidade para quem acredita em um país mais justo e equilibrado. Essa construção começa com o voto consciente, com a formação de lideranças políticas conectadas com a realidade local e com gestores municipais preparados para dialogar com o presente e planejar o futuro.

Não basta esperar que as soluções venham de fora. O futuro da região será decidido por quem está disposto a conhecê-la por inteiro, lutar por ela e agir com coragem e inteligência.