Vacinar, prevenir, testar e tratar! Essas quatro iniciativas devem nortear as ações de enfrentamento às hepatites virais em todos os municípios do Norte de Minas e nas demais regiões do país. O diagnóstico precoce viabiliza o tratamento oportuno, evita a ocorrência de surtos e, consequentemente, possibilita a redução de óbitos que, anualmente, chegam a mais de 1,3 milhão em todo o mundo.

As recomendações foram tema de um encontro de atualização para profissionais de saúde da região, realizado na última quarta-feira (16), no auditório do Serviço de Atenção Especializada (SAE) Ampliado de Montes Claros. A atividade integra as ações do Julho Amarelo, campanha nacional dedicada à conscientização sobre as hepatites virais.

Participaram do evento a referência técnica Josiane Santos e a infectologista Cláudia Biscotto, ambas do SAE Ampliado. Também contribuíram com a programação a enfermeira Thaís Emanuely de Freitas Teixeira e a infectologista Lara Jhullian Tolentino Vieira, da Força Estadual do SUS. A Superintendência Regional de Saúde (SRS) de Montes Claros foi representada pelas técnicas Maria Regina de Oliveira Morais e Adriana Barbosa Amaral.

Durante a apresentação do cenário epidemiológico das hepatites na região, Regina Morais destacou que a hepatite B é a mais prevalente no Norte de Minas, com 305 casos notificados entre 2020 e o primeiro semestre de 2025. A hepatite C aparece na sequência, com 189 notificações, seguida pela hepatite A, com dez casos registrados.

A meta da Organização Mundial da Saúde (OMS) é eliminar as hepatites como problema de saúde pública até 2030. Para isso, é necessário que 90% dos casos sejam diagnosticados e, no mínimo, 80% dos pacientes recebam tratamento. No Brasil, os casos confirmados de hepatites passaram a ser obrigatoriamente notificados pelo Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan) a partir de 2019.

A infectologista Cláudia Biscotto reforçou que os serviços municipais têm papel fundamental na detecção precoce da doença. “Pelo menos uma vez na vida, todas as pessoas devem fazer testes para hepatites. O diagnóstico precoce evita que a doença evolua para formas graves, como cirrose ou câncer de fígado”, alertou. Ela também enfatizou a importância do diagnóstico nas gestantes, uma vez que o tratamento pode impedir a transmissão da doença para o bebê.

Vacinação como principal aliada

A vacina contra as hepatites A e B está disponível gratuitamente nas unidades de saúde do SUS. No caso da hepatite A, ela faz parte do calendário infantil, com dose única aplicada aos 15 meses de idade. Em recém-nascidos, a imunização deve ocorrer nas primeiras 12 a 24 horas de vida.

Para pessoas com condições específicas, as doses também são oferecidas nos Centros de Referência para Imunobiológicos Especiais (CRIE), Centros Intermediários (CIIE) e nas salas de vacina convencionais. O esquema prevê duas doses, com intervalo de seis meses entre elas.

Neste ano, o Ministério da Saúde ampliou a vacinação contra hepatite A para pessoas que fazem uso da Profilaxia Pré-Exposição (PrEP) ao HIV.

Já a vacinação contra a hepatite B segue o esquema de três doses para adultos, com intervalos de 30 dias entre a primeira e a segunda dose, e seis meses entre a primeira e a terceira. Em crianças, as doses são aplicadas aos 2, 4 e 6 meses, com a primeira dose ao nascer.

O fortalecimento dessas estratégias: prevenção, testagem, vacinação e tratamento, é essencial para conter o avanço das hepatites virais e garantir qualidade de vida à população.