Planejando o futuro

Famílias recebem suporte após recebimento das indenizações

Programa de Assistência Integral ao Atingido é de participação voluntária e auxilia educação financeira, compra de imóveis, retomada de negócios e apoio psicossocial


Publicado em 09 de agosto de 2021 | 03:00
 
 
 
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Da quitanda para a cozinha industrial, a casa do “tamanho da família”, o negócio formalizado. Esses são exemplos de desejos alcançados por atingidos pelo rompimento da barragem B1 e também por moradores de territórios evacuados, após a homologação dos acordos de indenização.

Para alcançar esses objetivos, muitos utilizam as consultorias do Programa de Assistência Integral ao Atingido (Paia), que tem o intuito de auxiliar de forma mais assertiva a administração dos recursos recebidos. O projeto é de adesão voluntária, ou seja, apenas os indenizados que se interessam pelo Paia utilizam os serviços – que são oferecidos já na assinatura do acordo. “A ideia do programa é que as famílias possam receber um cuidado adicional no processo de retomada de suas vidas e de seus planos”, detalhou Maykell Costa, gerente de educação e saúde da reparação na Vale.

Até junho deste ano, 3.700 pessoas aderiram ao Paia. Atualmente, 45% daqueles que finalizam os acordos indenizatórios se inscrevem em uma das frentes do programa – psicossocial, apoio à compra de imóveis, planejamento e educação financeira, retomada produtiva urbana e rural. As famílias podem, inclusive, requisitar a participação em mais de uma frente do Paia. Na área psicossocial, psicólogos e assistentes sociais visitam as casas e identificam questões importantes dos núcleos familiares. Quando há alguma indicação para um acompanhamento individual, seja por um psiquiatra ou psicólogo, os profissionais realizam o direcionamento. 

Já com relação à compra de imóveis, os consultores auxiliam os atingidos do início ao fim do processo. Primeiro, é feito um diagnóstico da realidade da família. Assim, é possível saber qual tipo de construção melhor atende às necessidades e também aos desejos dos futuros moradores. Depois de escolhido o local, a consultoria faz uma análise dos documentos para se certificar de que está tudo em ordem. Por último, os engenheiros verificam as questões estruturais do espaço. Mesmo com o suporte, a família tem liberdade para mudar de planos durante qualquer etapa do processo. 

Há quem prefira receber uma consultoria no campo das finanças. Nesses casos, analistas financeiros fazem encontros com as famílias para entender e elaborar o plano de futuro. “A pessoa pode dizer: ‘meu plano é adquirir um imóvel e guardar dinheiro para educação dos meus filhos ou para abrir um negócio”, exemplifica Costa. A média é de sete a oito encontros, feitos de 15 em 15 dias. 

A quarta linha de atuação do Paia está relacionada aos negócios, sejam rurais ou urbanos. O apoio à retomada produtiva dura, em média, 12 meses e também perpassa todas as etapas. Os consultores ajudam os empreendedores a construírem o plano de negócio. Depois, há a capacitação para que o indenizado saiba operar o projeto. Por último, é mão na massa. “A gente tem alta demanda por formalização. Aquela pessoa que já tinha aptidão, que já fazia algo informalmente. Uma manicure que abre um salão, um mecânico que monta sua oficina”, conta Felipe Faria, analista que atua na gestão do programa.

Durante a pandemia, os auxílios foram mantidos de maneira remota. Os interessados podem fazer o requerimento de participação mesmo após a homologação do acordo de indenização.

Projeto estimula negócios novos e criativos

Diversificação econômica para solucionar questões ambientais e sociais. Esse é o desafio dos empreendedores que decidiram participar do Projeto Horizonte, desenvolvido pela Vale em parceria com a Semente Negócios. Lançada em 2021, a iniciativa reuniu 437 projetos de Barão de Cocais, Itabirito, Nova Lima (São Sebastião das Águas Claras), Ouro Preto (Antônio Pereira e Engenheiro Correia) e Santa Bárbara (André do Mato Dentro, Barra Feliz, Brumal e Cruz dos Peixotos). “Nosso objetivo é apoiar e fortalecer projetos inovadores, que buscam solucionar problemas de suas comunidades. Isso compreende tanto projetos inéditos como negócios tradicionais que desejam transitar para a esfera dos negócios com propósito”, explicou Tânia Oliveira, coordenadora do projeto na Vale.

Em abril, os empreendedores passaram por uma maratona empreendedora. Ao final, 79 ideias foram selecionadas para participar da fase de pré-aceleração“. O intuito é caminhar com as comunidades para a diversificação econômica”, acrescentou Tânia.

Agora, os participantes estão recebendo mentorias e participando de workshops, oficinas e capacitações. Uma nova seleção será realizada e, a partir de outubro, 39 iniciativas serão aceleradas. Todos vão receber um capital-semente de até R$ 50 mil, além de consultorias especializadas por 12 meses. 

Adiantado. O Projeto de Desenvolvimento Territorial e Transformação Social de Itabirito também avançou. Desenhada para ampliar a visão de independência da mineração, a iniciativa fomenta o protagonismo e as vocações locais, atuando diretamente na capacitação de potenciais empreendedores. Atualmente, 28 empreendedores e 13 associações participam da trilha do conhecimento, que se encerra em agosto, depois de concluir 400 horas de capacitação.

O projeto atua na capacitação de três frentes: economia criativa, agroecologia e fortalecimento institucional. Em agosto, 15 projetos serão selecionados para a etapa de incubação, que prevê acompanhamento durante 10 meses e aporte financeiro de R$ 15 mil para cada um deles. “O curso de agroecologia me trouxe clareza sobre algumas dúvidas e traz bastante conhecimento. O de gestão abriu minha cabeça para algumas questões muito importantes.”, contou Isis Luna Matos, uma das participantes.

Acordos de indenização seguem avançando

Desde abril de 2019, mais de 10,5 mil pessoas já firmaram acordos de indenização com a Vale. Os números demonstram o compromisso em indenizar todos aqueles que sofreram algum impacto pelo rompimento da barragem B1, em Brumadinho, ou pelas evacuações de território.

Até junho de 2021, já foram pagos pela empresa mais de R$ 2 bilhões. Entre as indenizações, foram mais de 1.400 acordos trabalhistas, que envolveram 2.400 pessoas, além de outros 3.700 cíveis, o que contemplou mais de 8.000 pessoas. E, mesmo diante dos inúmeros desafios trazidos pela pandemia, o cronograma de atividades foi mantido, e as negociações adaptadas para o formato virtual.

Desde março de 2020, os atendimentos são iniciados por telefone e seguem de forma online, por meio de reuniões e audiências via videoconferência, sempre com a participação de defensor público ou advogado escolhido pelas próprias pessoas. Segundo a empresa, esse formato trouxe mais agilidade no contato e garantiu o andamento de todos os processos.

Além disso, a companhia realiza pagamentos emergenciais para mais de 99 mil pessoas que vivem em Brumadinho ou que estejam até 1 km da calha do rio Paraopeba até a Usina Hidrelétrica de Retiro Baixo, em Pompéu. A responsabilidade será transferida conforme os acordos feitos com governo e instituições de Justiça.

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