O trabalho de restauração ambiental da área impactada pelo rompimento da barragem I, da mina Córrego do Feijão, só está no começo, mas já deu um importante passo com o Marco Zero.
Trata-se do projeto-piloto da Vale que consiste na reconstituição das condições originais do ribeirão Ferro-Carvão e na revegetação com plantas nativas da região das matas ciliares, além de contribuir para a recuperação do rio Paraopeba.
Confira o vídeo:
O ponto de partida do Marco Zero é a cortina de estacas metálicas, instalada logo abaixo da nova ponte da avenida Alberto Flores. A reconstituição segue por 400 m no ribeirão Ferro-Carvão e, após confluência com o rio Paraopeba, avança por mais 2 km ao longo do rio.
“Foi só o começo. Esse processo de recuperação vai ser replicado, de diferentes formas, ao longo de todo o curso dos 12 km da área de reparação dos danos causados”, explica o engenheiro florestal Luiz Carlos Cardoso, gerente de recuperação ambiental do meio biótico na Diretoria Especial de Reparação e Desenvolvimento da Vale.
Tecnologia Green Wall
O primeiro desafio do projeto foi restituir o traçado do ribeirão anterior ao rompimento. A Vale retirou 150 mil m³ de rejeitos no trecho e, com base em levantamentos topográficos e consultas aos históricos das imagens por satélite pretéritas disponíveis, o curso original do ribeirão foi demarcado pela Vale.
Utilizando a tecnologia Green Wall, um sistema para a recuperação de cursos d'água, a mineradora refez o canal do ribeirão, com rochas ao fundo e paredes de biomantas revegetadas. Após a reconstrução do canal, a área do entorno, foi reaterrada, recuperando sua topografia original.
Revegetação
O processo de revegetação da área compreendida pelo Marco Zero foi executado em três fases. A primeira etapa começou após a reconstrução do canal do leito do ribeirão Ferro-Carvão.
Parte da superfície já foi coberta por um tipo de solo vegetal fértil e espécies rasteiras selecionadas foram hidrossemeadas (técnica de semeadura com auxílio de água) no solo.
Em seguida, a companhia instalou biomantas naturais, compostas de fibra de côco, por cima da camada semeada para proteger as sementes da ação nociva de pássaros ou das águas das chuvas, garantindo ambiente ideal para a germinação e formação das plantas.
Na segunda fase, foi plantada uma vegetação de médio porte, que propiciou condições favoráveis para a execução da terceira e última etapa, que é o plantio de espécies nativas da região.
“Iniciamos o plantio de espécies como embaúbas, ipês, angicos, uma série de árvores nativas da região”, destaca Cardoso, que é responsável pelas ações de recuperação da fauna e flora em toda a área do rompimento da barragem B1, em Brumadinho.
Estudo irá nortear os próximos passo
As diversas soluções tecnológicas implantadas no projeto Marco Zero devem ser apenas uma das futuras alternativas a serem adotadas pela empresa para restauração ambiental da região afetada pelo rompimento, o que está sendo criteriosamente avaliado.
“Estamos fazendo um estudo da geomorfologia fluvial de todo o ribeirão Ferro-Carvão, ou seja, de como era o curso do ribeirão em relação a topografia do terreno. Ele vai permitir que a gente compactue as características dos vários segmentos do ribeirão e isso vai nos levar a alternativas diferentes para recuperar cada trecho dele”, explica Cardoso.
A definição das técnicas de reparação a serem adotadas passa por vários critérios. “Existe a dimensão técnica, que é como se comporta o curso d’água, além da própria questão ambiental de cada trecho e também o ponto de vista socioeconômico”, conclui.