Pesquisadores de comportamento animal comprovaram que gatos domésticos estabelecem conexões emocionais autênticas com humanos, reconhecendo-os como parte de seu "grupo social". A descoberta, baseada em múltiplos estudos científicos, contradiz a crença popular de que felinos seriam animais distantes e interesseiros. Os especialistas identificaram diversos sinais sutis através dos quais os gatos demonstram afeto por seus tutores.

Estudos conduzidos pela equipe de Kristyn Vitale, da Oregon State University, revelaram que os felinos não enxergam os humanos apenas como provedores de alimento. Essa conclusão refuta diretamente afirmações comuns como "gatos não amam" ou "eles só se aproximam por interesse".

Experimentos conduzidos pela equipe de Vitale mostraram que 65% dos felinos avaliados apresentaram comportamento de apego seguro, semelhante ao observado em cães. Os animais foram analisados em diferentes situações de interação com seus tutores.

Os gatos identificam seus tutores principalmente por voz, odor e rotina diária. Embora não demonstrem afeto da mesma forma que os cães, possuem maneiras próprias de expressar carinho, como amassar as pernas do tutor com as patas, expor a barriga ou piscar lentamente.

O "Piscar de gato" funciona como uma forma de beijo à distância, indicando confiança. Quando um felino segue seu tutor pela casa, esse comportamento sinaliza que o animal se sente confortável e busca interações sociais.

Pesquisadores japoneses observaram gatos imitando comportamentos humanos. Quando um tutor abre portas ou gavetas regularmente, o felino tende a repetir essas ações por associação. Não se trata de mera "coincidência", mas de uma adaptação da rotina social do animal baseada nos padrões do tutor.

O olfato representa o sentido mais desenvolvido nos felinos. Ao esfregar o rosto em seu tutor, o gato está "marcando" com feromônios, estabelecendo uma memória afetiva sobre quem considera parte de seu círculo de confiança.

Se o gato é frequentemente considerado "frio", isso ocorre porque ele percebe emoções humanas de maneira distinta. Um estudo publicado em 2020 na revista Animal Cognition demonstrou que felinos associam o tom de voz de seus tutores a expressões faciais de felicidade ou irritação.

Ao contrário dos cães, os gatos não agem por obediência ou hierarquia. Eles se comportam por escolha própria, o que torna significativa a decisão de passar tempo com o tutor.

Quando há separação por viagens ou ausências prolongadas, os gatos frequentemente demonstram mudanças comportamentais como perda de apetite ou reclusão. Isso acontece especialmente quando existe uma rotina bem estabelecida de interações entre o animal e seu tutor.

Um dos sinais mais importantes de confiança é quando o gato escolhe dormir com seu tutor. Para os felinos, o momento do sono representa vulnerabilidade máxima, e eles só relaxam verdadeiramente perto de alguém em quem confiam plenamente.

Compreender como os gatos expressam seus sentimentos exige observação atenta. Você pode perceber que seu gato já demonstrou afeto inúmeras vezes, mesmo que de formas menos óbvias do que outros animais domésticos.