Depois de receber um vídeo em que é criticado e retratado como um “porco de terno”, o vice-presidente da Federação das Indústrias de Minas Gerais (Fiemg), Teodomiro Diniz, registrou um boletim de ocorrência na Delegacia de Crimes Virtuais da capital. No vídeo, “assinado” por um movimento de urbanistas – que, na verdade, não existe –, há uma série de críticas à atuação de empresários contrários ao Plano Diretor proposto pela Prefeitura de Belo Horizonte e que tramita na Câmara Municipal.
Na federação, a desconfiança é que o vídeo teria partido de interlocutores do Executivo da capital. “Eu não sou leviano de acusar ninguém abertamente, mas eu sei quem foi. Já levei na polícia. Isso é uma ameaça, e todo o teor do vídeo demonstra o mesmo discurso de quem é favorável ao Plano Diretor”, conta o dirigente da Fiemg.
No vídeo, feito pelo suposto “Movimento de Urbanistas e Arquitetos”, há a inserção de frases que afirmam que os “grandes empreiteiros” promovem uma campanha de “desinformação” para tentar atrapalhar a aprovação do Plano Diretor. “Eles estão querendo enganar você. Querem te confundir para colocar mais dinheiro no bolso. Com o Plano Diretor, o empresário que fizer um megaempreendimento imobiliário terá que contribuir para melhorar a infraestrutura ao redor. Por isso, eles estão desesperados”, mostra o vídeo, que termina, de fato, com uma imagem de um porco de terno sendo substituída pela foto de Teodomiro Diniz.
Já no Facebook, uma página ligada à campanha da Fiemg contra o Plano Diretor publicou e promoveu – por meio de pagamento à rede social – uma reportagem em que o salário do prefeito Alexandre Kalil (PSD) é criticado. Teodomiro Diniz confirma que a entidade utiliza a página, mas nega que tenha autorizado a publicação. “Se isso aí saiu, não teve minha autorização”, argumentou.
Em contato com a coluna, a assessoria da prefeitura da capital afirmou que o prefeito “não precisa de jogo baixo na internet para nada, ele fala ‘na lata’, sendo que possui quase 1,3 milhão de seguidores no Twitter”.
Aliás, nesta semana, durante entrevista coletiva, Kalil criticou os “grandes empresários” e defendeu o Plano Diretor e a Câmara Municipal. “A prefeitura não está à venda. A Câmara não está à venda”, disparou. Ele ainda deu a entender que atos ilícitos teriam sido sugeridos aos parlamentares. Diante disso, o vereador Gabriel Azevedo (PHS) protocolou um ofício junto à Promotoria de Justiça de Minas, pedindo que seja instaurado um procedimento para que o prefeito revele quem foram os autores.