Está claro que é hora de parar de falar de Olavo de Carvalho e sua mania de criar confusões dentro do governo e passar a concentrar todo o esforço do debate brasileiro na reforma da Previdência. A pesquisa da Confederação Nacional da Indústria (CNI) divulgada ontem mostrou que é passado o cenário de impopularidade da proposta. O cidadão já concluiu que não há outra saída diante da dramática situação das contas públicas no país
É hora, portanto, de se discutir a reforma de forma mais responsável, tratando de cada um dos temas colocados. Afinal, a própria pesquisa mostrou que o cidadão não concorda com os termos da atual proposta. É questão de ajustá-la ao que é possível e aceitável. A simples pressão contra o projeto como um todo não é mais uma opção, a despeito do que tenta boa parte da oposição.
O dado mais importante da pesquisa, e que de certa forma vai na linha do que a reforma de Paulo Guedes, indica que o cidadão brasileiro, majoritariamente, quer que todos se aposentem com regras semelhantes.
O brasileiro até aceita diferenciações para mulheres, trabalhadores rurais, professores, policiais e Forças Armadas. Rejeita, porém, tais benefícios para servidores públicos e políticos. O entendimento geral, nesse ponto, vai exatamente na linha da proposta do governo.
Há, porém, pontos em que a ampla maioria da população reprova na proposta. O pagamento de valores abaixo de um salário mínimo para idosos de baixa renda é um exemplo. O índice beira os 70%.
O certo é o seguinte: o brasileiro já avisou que não aceita pagar mais impostos para custear a Previdência. Além dessa, só há mais uma opção: trabalhar mais tempo para equilibrar o sistema. Portanto, é preciso que aceitemos essa realidade. A questão é só fazer as contas, com transparência, corrigir excessos e partir para outros debates de que o país necessita.
Ouça o comentário do editor de Política Ricardo Corrêa