Longe da sede da Mendes Júnior, em Belo Horizonte, e da Polícia Federal de Curitiba, onde a investigação se concentra, está Maurício de Souza, 22. O lixador de soldas foi demitido da obra de transposição do rio São Francisco há menos de um mês. “Foi de uma hora para outra. Falaram que era redução de quadros. No dia em que fui demitido, outros 140 também foram. Tinha comprado vários eletrodomésticos. Era uma obra longa, mas agora só fiquei com a dívida”, lamenta ele.
As dispensas em massa se refletiram em toda a cidade de Salgueiro, em Pernambuco, que vive do dinheiro dos salários dos operários. Sem perspectiva, Silva está a caminho do Ceará, onde imagina encontrar outra oportunidade de trabalho na Transnordestina – ferrovia que ligará Missão Velha a Acopiara. “O clima é ruim em todas as construtoras. São tempos difíceis”, diz ele, desanimado.
Quem se manteve no emprego convive com a insegurança, já que os salários têm sido pagos com atrasos. O 13º só foi quitado há poucos dias.
Para Luciano Silva, presidente do Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias de Construção de Estradas, Pavimentação e Obras de Terraplenagem de Pernambuco, a situação é muito preocupante. “Estamos torcendo pelas empresas. O número de desempregados que perambulam sem rumo é enorme”. (TT)